Pura malandragem

Golpe do falso sequestro segue fazendo vítimas no Paraná

A espera por Paloma (nome fictício), que voltaria de viagem em alguns minutos, foi interrompida por uma ligação. O aviso que ela estava nas mãos de bandidos alardeou toda a casa. Marido, filhos e a mãe dela entraram em desespero. Mesmo sabendo dos golpes telefônicos, ninguém queria arriscar. Mas, enquanto o marido conversava com o “sequestrador”, o filho conseguia contato com a mãe e descobria a farsa. Ao divulgar o caso nas redes sociais, a família descobre que muitos amigos já foram vítimas do golpe.

O delegado Marcelo Lemos de Oliveira, da Delegacia de Estelionato e Desvios de Cargas (DEDC), confirma que o falso sequestro continua a fazer muitas vítimas, mas a polícia não tem estatísticas sobre o crime. Os bandidos forjam estar com uma pessoa conhecida e pedem dinheiro para libertá-la. Um jornalista de São Paulo contou que, ao saber que a filha tinha sido “sequestrada”, rodou mais de quatro horas pela cidade. Desesperado, ele depositou R$ 10 mil na conta fornecida pelos marginais.

Dados

Para o marido de Paloma, o apelo emocional dos golpistas é sua arma mais forte. “A voz da pessoa que se diz sequestrada parece muito com a da pessoa querida. Percebo agora como falar com voz de desespero deixa todas as vozes semelhantes”, disse. Os bandidos saberem o nome das pessoas envolvidas aumentou o terror. “Depois percebi que, quando minha sogra me passou o telefone, deu o serviço completo. Ele ganhou de bandeja o nome da Paloma, o meu e soube que eu era o marido, além de saber que a mãe da sequestrada tem problemas de saúde”.

O delegado Marcelo confirmou que geralmente é a própria vítima que passa as informações para os bandidos ou eles as conseguem por redes sociais. Ele explicou que esses golpes costumam ser aplicados de dentro de presídios, o que envolve um trabalho de investigação de médio a longo prazo. “Eles trocam os números de telefones com frequência, usam contas de laranjas e há troca constante, o que dificulta a investigação”.

O delegado orienta que, em caso de receber algum telefonema suspeito, a pessoa deve ter cautela para descobrir quem é o interlocutor, se é alguma pessoa do círculo de amizade, familiar ou profissional. “Não se deve de maneira alguma fornecer dados pessoais e é preciso tentar fazer contato com a pessoa que está ‘refém’”.