Executada dupla de investigadores

Os anos de experiência de dois policiais civis não foram suficientes para alertá-los do perigo que corriam. Durante uma investigação no Sítio Cercado, em Curitiba, Edmilson Polchlopek, 34 anos, e Rubens Ferreira Lima, 49, foram sumariamente executados com tiros na nuca. O crime aconteceu por volta das 22h30 da última segunda-feira, na Rua Arcanjo São Rafael. Rubens estava lotado na delegacia de Almirante Tamandaré e Polchlopek, por estar afastado das ruas, trabalhava no grupo de Recursos Humanos da Polícia, uma vez que respondia a acusações de abuso de autoridade e concussão (extorsão praticada por funcionário público).

Os policiais foram encontrados mortos dentro da viatura descaracterizada da delegacia de Almirante Tamandaré – a Parati, placa ALW-1910. Rubens estava ao volante e foi morto com um tiro na nuca e outro no ombro, que transfixou seu corpo. Sua pistola ponto 40 estava na cintura, o que indicou que não houve qualquer tentativa de reação. Polchlopek estava no banco ao lado e morreu com dois tiros na nuca, segurando a chave de seu carro e o telefone celular. As carteiras, a pistola carregada de Rubens e demais pertences das vítimas não foram levadas pelos assassinos, o que descartou a hipótese de latrocínio. Polchlopek não estava armado, uma vez que perdeu o direito enquanto responde às acusações.

De acordo com o delegado Paulo Padilha, da Delegacia de Homicídios, a perícia constatou que os assassinos atiraram de dentro do carro. ?Provavelmente eram duas pessoas que deram os tiros do banco de trás. Depois, saíram do veículo e um deles disparou no ombro de Rubens?, contou o delegado. Moradores da região disseram apenas que ouviram quatro disparos, mas ninguém informou quem seriam os autores do crime. Os policiais foram mortos com pistolas calibre 9 milímetros.

Excesso de confiança causou a morte dos policiais, diz Padilha

Rubens estava fora de sua área.

Para Padilha, a morte dos policiais foi causada pelo excesso de confiança que tinham. ?Os investigadores convidaram os assassinos para entrar no veículo sem imaginar o perigo que corriam. O que sabemos é que os dois estavam num trabalho de investigação e provavelmente acreditaram que os criminosos eram informantes e por isso os recolheram?, disse o delegado.

Na viatura que ocupavam, foi encontrada uma pasta com as ordens de serviço de investigações de crimes ocorridos em Almirante Tamandaré. Rubens estaria investigando a ligação entre os assassinatos e o tráfico de drogas que impera no Sítio Cercado. Amigo pessoal de Polchlopek, ele o teria convidado para acompanhá-lo nas diligências. ?A polícia trabalha com informantes, por isso acreditamos que Rubens conversava com alguns deles quando foi morto. Polchlopek não poderia estar investigando, mas o ?sangue? policial falou mais alto e ele foi ajudar o amigo. É nisso que acreditamos?, disse o delegado.

Edmilson foi afastado das ruas.

O fato de Rubens ser assassinado em cidade diferente a que estava lotado e acompanhado de um policial civil afastado das funções levantou a possibilidade dos policiais estarem recebendo propina ou fazendo algum ?acerto? com traficantes. Padilha afirmou que irá apurar essa possibilidade, apesar de não acreditar nela.

Rubens era casado e tinha dois filhos, de 15 e 13 anos, e trabalhava há quase 30 anos na Polícia Civil. Polchlopek também era casado e deixou filhos de 8 e 12 anos. Os dois investigadores, filhos de policiais civis, se tornaram amigos depois de trabalharem juntos em vários distritos da capital. (PC)

Suspeito dos homicídios está preso

Policiais da Delegacia de Homicídios, da Delegacia de Furtos e Roubos e do 10.º Distrito Policial (Sítio Cercado) estão unidos na busca pelos assassinos dos investigadores. Na noite do crime, um dos informantes de Rubens foi detido e levado ao Instituto Médico-Legal (IML) para fazer exame de parafina nas mãos, mas o resultado foi negativo e ele foi liberado. Outro suspeito, Siomar Braz de Souza, 21 anos, detido por porte ilegal de arma, está preso. ?Ele não participou dos crimes, mas nos indicou um suspeito muito forte. Trata-se de um quadrilheiro muito perigoso, que já foi preso por assalto. É em cima deste sujeito que focamos as investigações?, disse Padilha. (PC)

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