Ex-segurança pede desculpas por morte de Bruno Coelho

O ex-vigilante Marlon Balem Janke, 33 anos, pediu desculpas à família do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, 19, assassinado com um tiro na nuca, na madrugada de 3 de outubro de 2007, assumiu a autoria do crime e afirmou que está disposto a cumprir toda a pena que lhe for imposta pela juíza Inês Marchalek Zarpelon, de Almirante Tamandaré.

O julgamento de Marlon e de seu colega, Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, 29, começou ontem, às 9h, no plenário do Tribunal do Júri de Curitiba. Os dois trabalhavam para a empresa Centronic, de vigilância privada.

Outros cinco funcionários da mesma empresa foram denunciados pelo crime, porém o julgamento deles ainda não foi marcado. Testemunhas e os dois réus foram ouvidos ontem, porém o julgamento só deverá terminar hoje, após debates entre defesa e acusação. O corpo de jurados é formado por cinco mulheres e dois homens, todos jovens.

Confissão

Conforme havia sido informado pelo advogado Nilton Ribeiro, defensor de Marlon, ele confessou e alegou que o disparo foi acidental. Disse que naquela noite deteve Bruno quando ele pichava o muro de uma clínica, no Alto da XV, e que o levou até a sede da Centronic, porque o jovem estava muito agitado.

Negou tê-lo algemado e torturado (juntamente com os demais colegas) e afirmou que o levou para Tranqueira, numa estrada secundária de Almirante Tamandaré, para libertá-lo.

“Quando ele saiu do porta-malas do carro, tentou pegar minha arma. Entramos em luta e, quando tentei contê-lo, batendo com a arma por duas vezes na cabeça dele, aconteceu o tiro. Nada foi premeditado. Foi uma fatalidade”, assegurou. Marlon também inocentou os demais denunciados.

“Carona”

Douglas, por sua vez, disse à juíza que estava trabalhando em seu setor, em Almirante Tamandaré, e que foi chamado por Marlon, naquela noite, para ajudar a “dispensar” um rapaz.

Encontrou Marlon e Eliandro (outro vigilante) num posto de combustível, à margem da rodovia, e entrou no carro para acompanhá-los. “Não sabia nem o que estava acontecendo. Só fui junto. Quando paramos no local em que ocorreu o crime, sai do carro para urinar. Sequer escutei o tiro. Só vi o Marlon voltando apavorado, dizendo que tinha dado um problema. Fiquei sabendo que o rapaz era o Bruno nove dias depois, pelo noticiário da televisão”, assegurou.

O defensor de Douglas, Cláudio Dalledone, reforçará a tese de que seu cliente não teve qualquer participação ativa no crime. Marlon declarou que o colega pegou “a carona mais cara de sua vida” e se viu envolvido no caso “sem dever nada”.

Ribeiro, por sua vez, tentará reduzir a pena de Marlon, buscando desqualificar as acusações de tortura, formação de quadrilha e ocultação de cadáver. “O fato de ele confessar e colaborar com a Justiça já indica que está arrependido e não é um criminoso”.

Irreparável

Os pais de Bruno, o jornalista Vinícius Coelho e a dona de casa Eliane Strobel, acompanharam o julgamento com muita emoção e sofrimento. “Não adianta ele pedir perdão para mim, não sou Jesus Cristo para fazer isso. O Bruno não vem mais almoçar comigo, não volta pra casa à noite mais. Espero que eles sejam condenados para que pelo menos assim o nosso coração possa ser apaziguado”, desabafou Vinícius.

Átila Alberti
Eliane e Vinicius: emoção e sofrimento.