Estudantes criam um robô antibomba

O nível de tensão é altíssimo. Oito pares de olhos se concentram na banca composta por quatro professores exigentes. Nada pode dar errado, sob pena de se perder um trabalho de quase um ano e pôr abaixo a festa de formatura.

Do outro lado da cidade, a concentração está em grau máximo; usando uma roupa com mais de 30 quilos que lhe reduz os movimentos e dificulta a respiração, um jovem policial não desgruda os olhos de uma caixa estranha, deixada de forma suspeita no saguão de um prédio público. Pode ser uma bomba e ele terá que desarmá-la. Em ambas as situações o estresse é parceiro inseparável.

Os oito alunos da turma 2008/2A (seis rapazes e duas moças), que concluíram ontem o curso Técnico de Mecatrônica da Sociedade de Ensino Técnico (Ensitec), jamais tiveram que desativar uma bomba, no entanto, durante um ano desenvolveram o projeto de um robô antibomba, para auxiliar nos trabalho dos policiais militares que fazem parte do Esquadrão Antibomba do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar.

Foram muitas as pesquisas e dezenas de testes, até chegar no protótipo da geringonça (ainda sem nome) apresentada ontem à banca examinadora do trabalho de conclusão de curso.

Aprovação

Na platéia, além de colegas e familiares, estavam também o tenente Oliveira (do COE) e outros membros de sua equipe. No final da apresentação, eles receberam a engenhoca de presente.

“A doação foi muito bem-vinda”, revelou o oficial, mais satisfeito ainda por saber que a iniciativa partiu dos estudantes, preocupados com a segurança física daqueles que fazem a segurança da população. “É um protótipo, mas nos servirá em muitas ocasiões. Já o testamos e aprovamos a máquina”, afirmou Oliveira.

O robô, feito quase que artesanalmente, pesa 70 quilos e é capaz de levantar e transportar um pacote com até 12 quilos, sem solavancos. O manuseio é feito através de cabos que podem deixar a pessoa a mais de 20 metros de distância da suposta bomba.

Também caminha bem em pedras e areia, conforme demonstraram os testes. O custo do projeto foi avaliado em R$ 16 mil, mas os alunos gastaram menos, contando com doações.

A próxima turma terá a tarefa de melhorar o protótipo, até que se chegue a um robô ideal, totalmente curitibano, que poderá até ganhar o nome de “Piá”. Parabéns aos formandos Thiago, Anderson, Emerson, Suellen, Vladimir, Monique, Pablo e Richard, que também deram uma lição de cidadania.

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