Nove estrangeiros clandestinos foram presos este mês pela Polícia Federal (PF) no Porto de Paranaguá. Todos africanos, eles vieram para o Brasil escondidos em três navios diferentes e tentariam entrar ilegalmente no País.
"Num ato de desespero, essas pessoas se escondem nos navios para tentar a vida em outro país. Vão atrás de trabalho, de dinheiro. Muitas delas embarcam sem nem saber qual o destino do navio", afirmou o delegado federal Fabiano Bordignon. Todos estão sem documentos e suas origens ainda estão sendo investigadas. Eles dizem vir do Senegal, Guiné, Serra Leoa, Congo e Camarões.
Um processo administrativo foi aberto pela PF para que eles sejam mandados de volta para seus países. A extradição dos africanos deve demorar de dois a três meses para acontecer. "Enquanto isso eles ficam sob responsabilidade da agência marítima responsável pelos navios, que devem acomodá-los e alimentá-los", explicou o delegado.
Entre os nove africanos clandestinos que tentaram desembarcar no Porto de Paranaguá, um diz ter vindo do Congo buscar asilo, pois fugia da guerra civil. Outros dois estavam em um navio com bandeira de Camarões, mas a pior situação foi encontrada em uma embarcação que veio do Senegal. Nela, seis africanos teriam entrado a nado no navio e ficado escondidos por mais de dez dias sem água nem comida, até serem descobertos pela tripulação. Devido às condições precárias, dois deles acabaram morrendo. Um teve o corpo jogado no mar e o outro foi levado ao Instituto Médico-Legal de Paranaguá. Os outros quatro foram detidos pela PF. "Por terem ocorrido mortes, foi aberto inquérito para investigá-las, embora a causa deva ser mesmo as condições precárias a que ficaram expostos", comentou o delegado.
Segundo a PF, já são 14 os africanos que tentaram entrar ilegalmente no País através do Porto de Paranaguá neste ano. Em 2005 foram 16 e, em 2004, 24. "Infelizmente esses casos são rotineiros e ocorrem por falha na segurança dos navios e dos portos africanos", disse Bordignon.