Dupla presa com armamento pesado

Em decorrência das investigações ao grupo que participou do seqüestro do sargento Cláudio Roberto Freitas, que ocorreu na noite do último sábado, policiais militares prenderam duas pessoas no bairro Monte Castelo, no Alto Maracanã, Colombo, pela guarda de armamento pesado, carregadores e munições. Foram apreendidos uma escopeta calibre 12 e projéteis, assim como um fuzil 7.62 (FAL), de uso exclusivo do Exército Brasileiro. A prisão de Aparecida Guimarães, 36 anos, e Lucas Tadeu Granja Pinto, 21, ocorreu às 22h de terça-feira, na Rua Ipê. Os dois são vizinhos e foram autuados pelo porte ilegal de arma. Ambos negam a propriedade do armamento e alegam que apenas o estavam guardando para conhecidos. Os responsáveis pelas armas foram apontados como Alexandre e Michel e estão sendo procurados pela polícia.

De acordo com o superintendente da delegacia de Alto Maracanã, Valdir Bicudo, os foragidos têm participação no seqüestro do sargento do Batalhão de Choque, que ocorreu após uma festa junina acontecida no Cindacta, no Bacacheri. O policial militar estava em companhia da namorada quando foi abordado por dois indivíduos, no momento em que entrava no BMW placa BQW-5797, de sua propriedade. O casal foi obrigado a sentar no banco traseiro enquanto os marginais ocuparam os bancos dianteiros e seguiram em direção ao Alto Maracanã. A polícia acredita que outros integrantes do grupo, dentre eles Alexandre e Michel, estivessem dando cobertura ao seqüestro.

Tiros

Temendo pela própria vida, quando os marginais descobrissem que ele era policial, Cláudio Roberto pegou a arma, que estava no tornozelo, e disparou contra a cabeça do marginal identificado posteriormente como Giovani Gertrudes, 20 anos, que morreu na hora. Com a súbita reação, o outro ladrão – João Luís de Oliveira Furtado, 19 – ficou apavorado e colidiu o veículo contra um poste, no cruzamento das ruas São João e Guilherme Ilhenfeldt, na Santa Cândida. João saiu correndo, mas foi alvejado nas costas. Mesmo ferido conseguiu fugir. No Hospital Cajuru, onde recebia atendimento médico, o assaltante foi reconhecido e preso.

Para Bicudo, essa quadrilha é responsável por diversos seqüestros relâmpagos ocorridos em Curitiba. "Temos a informação de que o grupo é formado por cinco ou seis pessoas e o chamariz são duas adolescentes", disse o superintendente. Nas diligências para localizar demais integrantes da quadrilha, os policiais militares chegaram às moradias de Aparecida e Lucas. No quarto de Lucas foi encontrada a escopeta e, no forro do banheiro, na casa de Aparecida, estava o fuzil, carregadores e munição. Lucas já esteve preso na delegacia de Alto Maracanã pela prática de furto e havia saído há dois meses.

Exército

O fuzil FAL apreendido foi identificado como uma arma de propriedade do Exército Brasileiro. Segundo especialistas que compareceram à delegacia, o fuzil foi montado, porque ele possui três partes diferentes. Cada uma dessas partes tem uma numeração específica que foi anotada. A partir da numeração obtida, a polícia do Exército poderá descobrir a origem das peças. As suposições são de que as peças possam ter sido furtadas por membros da corporação ou retiradas de lojas especializadas que realizam a manutenção do armamento. "Nossa única certeza é que o crime organizado está atuando em Alto Maracanã e precisamos agir", relatou Bicudo. Normalmente, armas de grosso calibre, como fuzil, são usadas como moeda de troca por drogas.

Quadrilha pode ter envolvimento com o tráfico

Para o delegado José Mário, o poderio de fogo dos quadrilheiros revela o envolvimento com o tráfico de drogas, mas isso será averiguado posteriormente. Segundo os detidos, que alegam não participar de quadrilha, as armas foram deixadas por Alexandre e Michel. "Eu os conheço há pouco mais de um mês e eles me pediram para guardar a escopeta", relatou Lucas. Aparecida se defende dizendo não saber que havia uma arma escondida na casa. Ela disse que Alexandre é namorado de sua filha e que por isso o rapaz tinha acesso à sua moradia. Os dois foragidos seriam moradores na Vila Sabará, Cidade Industrial, o que pode associá-los com outros crimes cometidos naquela região.

Um detalhe que chamou a atenção da polícia era o modo como os jovens transportavam o armamento pesado. "As armas eram carregadas em estojos de instrumentos musicais para não levantar suspeita. Inclusive a capa de um violão foi recolhida pela polícia", relatou o superintendente.

Vítimas de seqüestros relâmpagos que reconhecerem os detidos ou tiverem informações sobre o paradeiro dos foragidos devem entrar em contato com a delegacia de Alto Maracanã pelo telefone 3663-3122.

Voltar ao topo