Duas horas nas mãos de seqüestradores

"Leia este livrinho, que é a última lembrança que terá de seu filho." Foi o que disse um garoto de 16 anos enquanto encostava o cano frio de uma pistola na cabeça de um empresário de 36 anos, mantido como refém. A vítima foi levada junto com seu Gol, nas Mercês, por volta das 21h de sexta-feira. Duas horas depois, faltou combustível no carro roubado e o empresário foi salvo pela Polícia Militar.

A vítima saía da casa de um amigo, na Rua Raquel Prado, quando foi rendida por dois adolescentes, de 16 e 17 anos, e por Ronaldo Freitas Barbosa, 19 anos. O empresário contou que passou duas horas de terror nas mãos dos assaltantes, que o ameaçavam de morte a todo instante. "Eles diziam que iriam me ‘pipocar’ no cruzamento da linha do trem, em Pinhais", relatou.

Os bandidos rodaram com o veículo e o refém por vários bairros, à procura de outro carro, que estaria "encomendado". O Gol seria levado para um tal de "Rubão" que os estaria esperando em uma danceteria de Pinhais. Foi nesse caminho, na Avenida Victor Ferreira do Amaral, no Tarumã, que o carro ficou sem álcool. Houve uma breve discussão entre os assaltantes, que, novamente, ameaçaram matar o empresário. Mas a vítima convenceu os seqüestradores a comprar combustível em um posto próximo.

Quando colocava álcool com um saco plástico no tanque, o empresário viu um carro do Batalhão de Polícia de Trânsito se aproximar. Aproveitando uma distração do bandido que lhe apontava a arma, ele largou o saco e correu, denunciando o assalto.

Os marginais fugiram e jogaram as armas, uma pistola e um revólver calibre 38 em um rio. Foram detidos em seguida pelo cabo Silva e soldados Domingues, Jardel e Sílvio, e levados à Delegacia do Adolescente e ao 3.º Distrito Policial (Mercês). Os três são moradores do Jardim Holandês, em Piraquara.

Crueldade

Durante o tempo em que ficou em poder dos bandidos, a vítima sofreu ameaças cruéis. "Não estouro tua cabeça agora, porque vai sujar o carro" e "Vamos ver o teu cérebro branco", eram algumas das frases ditas pelos seqüestradores. Porém, quando eles encontraram um livro infantil no carro e perguntaram de quem era, a tortura psicológica tomou contornos absurdos. "Eles me obrigavam a folhear o livro, porque seria a última lembrança que teria de meu filho, até minha execução", relatou a vítima. Para os policiais militares, os detidos disseram que as armas eram de brinquedo e se negaram a dizer o que fariam com o veículo.

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