Divisão de Narcóticos prende 17 de uma só vez

O resultado de um mês de investigação feita pela Divisão de Narcóticos (Dinarc) foi apresentado na tarde de ontem. Dezessete pessoas foram presas por tráfico de drogas ou associação para o tráfico no centro de Curitiba e aproximadamente 100 gramas de crack foram apreendidas. De acordo com o delegado Alfredo Dib, titular da Dinarc, a apreensão representa a retirada de cerca de 3.400 pedras do entorpecente das ruas.

A operação batizada como “Dissimulação”, durou todo o mês de julho e início de agosto e concentrou-se na comercialização de entorpecentes na esquina das ruas Tobias de Macedo e Riachuelo. Durante o período, investigadores realizaram um trabalho de inteligência e conseguiram obter fotografias e material de vídeo que comprovam a participação dos detidos num complexo esquema de venda de crack. “Através das imagens conseguimos identificar os envolvidos e prendê-los. Faltam apenas algumas pessoas”, disse o policial. Dentre os detidos estão representantes da hierarquia do tráfico: “olheiros”, “vapores”, distribuidores e gerentes. As prisões ocorreram basicamente em três dias.

Chefes

A principal apreensão de crack ocorreu no dia 25 de julho, quando investigadores encontraram 83 gramas da droga dentro do carro pertencente a Claudecir Rosa de Oliveira, 26 anos, que já possui contra si antecedentes por tráfico de drogas e associação ao tráfico. “Ele é um dos principais distribuidores de drogas na região central, juntamente com Marcos José da Silva, 31. Normalmente eles utilizam um hotel para fazer a distribuição”, explicou Dib. Marcos responde aos mesmos crimes de Claudecir, além de receptação.

Claudecir foi um dos 14 presos apresentados na tarde de ontem na Dinarc. Ele negou qualquer envolvimento com o tráfico de drogas assim como todos os demais detidos. Os outros presos que não participaram da apresentação já haviam sido enviados ao sistema penitenciário e um deles é adolescente. Foram recolhidos: Silvina de Oliveira, 25; Maria dos Anjos Tavares dos Santos, a “Kátia”, 36; Roseli Rosa da Conceição, 29; Maria Aparecida Lopes, 32; Jean Robert Borges, 23. Estes apontados pela polícia como os principais distribuidores, juntamente com Claudecir e Marcos. Também foram presos Eliane Pinheiro dos Santos, 33; Tamara de Jesus Prestes, 20; Vanilda Camargo da Silva, a “Vanessa”, 28; Jorge Alexandro de Oliveira, 29; Manoel Pereira de Lima, 24; Sérgio Antônio Vieira, 50; Osnei Marcos Siminoni, 44; Franciele dos Santos Deucher, 22 e Valéria Cristina Lobo, 19.

Pontos de venda

O centro é o principal local de comercialização de drogas em Curitiba, de acordo com o delegado Dib, e a região é abastecida por traficantes que residem em bairros mais distantes como Vila das Torres, Parolin, Bairro Alto e Cajuru. “Há vários distribuidores na região central que se concentram em pontos de venda já conhecidos pela polícia”, disse Dib. O policial frisou que três pontos já foram desarticulados pela Dinarc (ruas Cruz Machado e Tobias de Macedo e Praça Generoso Marques) restando outros dois pontos fortes que estão sendo investigados. “A incidência da ação de traficantes e distribuidores nesses pontos desarticulados é mínima, pois continuamos monitorando essas regiões”, afirmou o delegado. Segundo ele, de agosto de 2003 até agosto deste ano, a Dinarc realizou 106 prisões relacionadas ao tráfico de drogas.

Dib relatou sobre as dificuldades em acabar com o tráfico de drogas, mas que a polícia se empenha ao máximo. “Para efetuar essas prisões foi necessário desenvolver todo um processo de investigação. Quando acabamos com um ponto, outro ponto fica mais forte, porque a droga é redistribuída para lá”, explicou.

Prostitutas viram “mulas”

O “estouro” de mais um ponto de comercialização de tóxicos na região central de Curitiba foi comemorado pelo delegado Alfredo Dib, titular da Divisão de Narcóticos, principalmente em razão da dificuldade de se conseguir provas contra os acusados. Na operação foram registradas várias ações dos detidos fazendo transações com drogas. “A maior dificuldade é que qualquer suspeita da aproximação de policiais, os distribuidores ou ?vapores? se desfazem do entorpecente, normalmente engolindo as pedras de crack”, afirmou o delegado. Pelas fotografias é possível observar que as pedras são guardadas na boca, enquanto é realizada a venda.

Dib calcula que cada grande ponto de distribuição de drogas, no centro, comercialize em média 300 pedras de crack por dia, o que representa 9 mil pedras ao mês. Cada unidade é vendida por cerca de R$ 10,00.

Crime organizado

O esquema de venda de crack é bem organizado. Dificilmente um usuário da droga consegue adquirir uma pedra diretamente com o distribuidor. Por isso são utilizados os “vapores” para o transporte das drogas. As prostitutas da região são importantes no esquema, pois se responsabilizam pela conexão com o usuário: “O viciado aproxima-se de uma prostituta e pergunta sobre o programa sexual e também pede uma pedra. Conhecedora do esquema, ela vai até os distribuidores menores e faz o pedido para seu cliente, fazendo a entrega. Muitas vezes, o interesse do usuário nem é fazer um ?programa? amoroso, apenas obter o entorpecente”, explica o delegado, lembrando que o tráfico utiliza as prostitutas como “mulas”.

Outro preso com 50g de pó

Outro grande fornecedor de cocaína que agia no centro de Curitiba, na região conhecida como “boca-do-lixo”, foi apanhado por policiais do 8.º Distrito Policial (Portão), na semana passada. Gilberto Vicente da Silva (foto), 29 anos, era funcionário de um bar, na Rua Visconde de Nacar. Com ele, os policiais encontraram 50 gramas de cocaína.

O delegado Herthel Rehbein, titular do 8.º DP, informou que Gilberto aproveitava o trabalho no bar para também vender cocaína. Abordado pelos investigadores, foi encontrado com ele um “papelote” de cocaína. Mas, outras 16 “buchas” foram achadas na lata de lixo. Na seqüência, os policiais foram até o apartamento de Gilberto, nas proximidades, e localizaram uma grande pedra de cocaína, que ainda seria transformada em pequenas buchas, para serem comercializadas pelo valor de R$ 10,00 cada, segundo o próprio preso informou à polícia. Gilberto alegou ainda que é viciado. “O total apreendido foi de 50 gramas”, salientou o delegado. Herthel disse que as investigações continuam no sentido de apurar outras pessoas envolvidas com o tráfico de drogas. “Estamos trabalhando para identificar o fornecedor de Gilberto”, informou o delegado.

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