Delegados dizem que duas mil novas vagas é pouco

Delegados e entidades representativas dos policiais civis acreditam que a força-tarefa do governo estadual para transferir mais de 2 mil presos de delegacias para o sistema penitenciário, não será suficiente para acabar com a superlotação das cadeias.

Anteontem, o governador Beto Richa e o novo secretário de Segurança Pública, Cid Vasques, anunciaram a remoção dos detentos para a Colônia Penal de Maringá e para Penitenciária de Cruzeiro do Oeste.

Para o presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis no Paraná (Sinclapol), André Gutierrez, a remoção dos 2 mil presos é insignificante. “As cadeias das delegacias de todo o Estado têm capacidade para 5 mil a 6 mil presos, mas hoje abrigamos de 10 mil a 12 mil detentos”, afirma. “Policiais civis não têm nem a obrigação de manter esses presos nas delegacias. Só construindo penitenciárias e mais cadeias públicas é que vai solucionar a superlotação”, analisa Gutierrez.

Crítico

Segundo o delegado-chefe da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Curitiba (DFRV), Gerson Machado, a ação do governo estadual é apenas paliativa. “Só vai ajudar se remover todo mundo. Não adianta transferir meia dúzia de gato pingado”, diz.

A DFRV tem uma das situações mais complicadas de todo o estado. No mês passado, após tentativas de rebelião, a delegacia foi alvo de vistoria da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Eu tenho que colocar investigadores para cuidar dos presos, porque estou perdendo carcereiros. Não adianta tirar para depois encher de novo”, desabafa o delegado.