Delegado suspeito de fraude se entrega à Polícia Federal

De férias em Natal (RN), o delegado Hamilton da Paz, titular do 7.º Distrito Policial (Vila Hauer), retornou para Curitiba na última quarta-feira e se entregou à Polícia Federal. Junto a outros sete policiais civis, que já estavam presos, ele é acusado de fazer parte de um esquema fraudulento, cobrando propina para fazer "vistas grossas" às ações de hackers que desviavam dinheiro de contas bancárias pela internet, para contas de empresários do Sul do País. Ao ficar sabendo das prisões de seus colegas, realizadas durante a Operação PontoCom.Pr, ele espontaneamente decidiu se entregar, ligando à polícia e avisando que voltaria de viagem ainda naquela noite.

Com a prisão preventiva decretada pela Vara de Inquéritos Policiais, ele era aguardado no Aeroporto Internacional Afonso Pena por policiais federais. Do aeroporto, o acusado foi levado diretamente ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), junto aos outros delegados presos: Roberto Fernandes (de Matinhos) e Paulo Padilha (do 13.º Distrito – Tatuquara). Os investigadores Gerson Camargo, Luiz Fernando de Abreu, Carlos Pereira, Getúlio Lisboa Vieira e Roger Rocha Gallotti, também presos, estão recolhidos na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV).

O inquérito aberto para investigar o caso já foi encaminhado à Vara de Inquéritos Policiais, e todos os policiais presos estão sendo ouvidos pela Corregedoria da Polícia Civil. As investigações correm em sigilo, e os acusados devem responder pelos crimes de abuso de autoridade (uso de autoridade para benefício próprio), concussão (recebimento de propina) e prevaricação (indulgência de responsabilidade, deixando de  informar e abrir processo contra ato criminoso).

PontoCom.Pr

Como desdobramento da Operação PontoCom, deflagrada no Rio Grande do Sul no início do mês, a Secretaria de Estado e a Polícia Federal realizaram no Paraná a PontoCom.Pr, que desmascarou o esquema fraudulento. Os hackers, todos adolescentes, presos no início de dezembro, denunciaram a cumplicidade dos delegados e investigadores no esquema. Um dos jovens, de 16 anos, preso em setembro do ano passado no Litoral do Paraná, disse que os policiais teriam cobrado mais de R$ 20 mil para liberá-lo e não desmantelar o esquema. Preso novamente um mês depois, por outros policiais, no Aeroporto Afonso Pena, ele disse ter pago mais R$ 40 mil. Simultaneamente à prisão dos jovens, no início do mês, outros dois empresários de Curitiba, envolvidos no desvio de dinheiro, também foram presos.

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