Bebê é seqüestrado do Hospital Evangélico

Doze horas após ter nascido no Hospital Evangélico de Curitiba, no Bigorrilho, a garotinha que ganhou o nome de Gabriele, foi seqüestrada por uma falsa enfermeira. A criança estava nos braços da mãe, Josiane de Fátima Baggio Carlos, 31 anos, quando a desconhecida invadiu a enfermaria 702 – no sétimo andar – e apanhou a criança, afirmando que precisava levá-la para fazer um exame de sangue. Com naturalidade, ela ainda disse que iria levar primeiro Gabriele, porque os outros dois bebês que estavam na mesma enfermaria ainda estavam sendo amamentados pelas respectivas mães.

Foi somente por volta das 3h20 da madrugada de sábado que o seqüestro foi descoberto. A enfermeira do hospital que estava de plantão, foi até a enfermaria para dar um medicamento para Josiane e perguntou onde estava o bebê. Apesar da gravidade do fato, a família de Josiane só foi avisada do sumiço da criança às 6h30 e a polícia por volta das 8h, por parentes de Josiane.

Falha

Várias pessoas viram a seqüestradora entrar e sair do hospital. A mulher entrou vestida de branco e avisou que era enfermeira, porém tinha esquecido a documentação. Depois de passar pela segurança do hospital, ela se dirigiu ao 7.º andar. Ainda não se sabe se a mulher entrou em outras enfermarias ou quartos antes de tirar a pequena Gabriele dos braços da mãe.

Já de posse da criança, a desconhecida provavelmente trocou de roupa e saiu tranqüilamente. Ela ainda chegou a trocar algumas palavras com um policial militar, que estava na porta. Depois saiu pelo portão do Pronto Socorro. ?Minha filha está internada para ter bebê, eu sai para comprar cigarros e vi quando ela saiu com a criança nos braços, enrolada em uma manta azul. Quando me viu parou, me olhou e depois seguiu caminhando e entrou na Rua Capitão Souza Franco e desapareceu?, contou Adalberto Gomes Ferreira.

Adalberto descreveu a seqüestradora como morena clara, aproximadamente 1,50 m de altura, cabelos curtos e lisos. Ela vestia calça preta e blusa escura, o que leva a supor que a mulher teve tempo para fazer a troca de roupa em algum lugar, dentro do hospital. Adalberto contou que seu neto nasceu às 4h45 de ontem. ?O hospital permitiu que alguém passe a noite com minha filha. Antes parece que não permitiam, mas depois do que aconteceu, tememos pela segurança da criança?, relatou o homem.

Comunicação

Josiane trabalha como auxiliar de produção em uma fábrica de biscoitos. A irmã dela, Lurdes contou que Josiane estava com gravidez de risco, pois tem pressão alta. Ela integrava o Programa Mãe Curitiba e como reside no Tatuquara, estava marcado que a pequena Gabriele iria nascer no Hospital do Trabalhador, no Portão. Mas devido aos riscos da gravidez, quando estava no sétimo mês de gestação, Josiane foi encaminhada para o Evangélico. No sábado, Josiane passou mal e seus familiares ficaram muito preocupados com sua saúde. Gabriele nasceu às 12h10 de sábado, pesando 3.180 quilogramas. Da sala de cirurgia Josiane foi levada para a enfermaria e logo após, seu filha lhe foi entregue. Ela dividia o quarto com outras duas mulheres, que haviam dado à luz meninas.

Na tarde de ontem, Lurdes foi visitar a sobrinha no hospital, levou uma máquina fotográfica e tirou as fotos de Gabriele, que podem ajudar a polícia a solucionar o caso. Lurdes soube que a criança havia desaparecido às 6h30, quando recebeu um telefonema da irmã.

Falha na segurança

O Hospital Universitário Evangélico de Curitiba demonstrou, ontem de manhã, que sua segurança não é das melhores. Uma equipe de televisão aproveitou a falha e conseguiu entrar no hospital. Os três profissionais munidos com tripé, uma enorme filmadora e microfone, passaram despercebidos e foram até a enfermaria onde Josiane estava, acompanhada do marido João Batista dos Santos Carlos.

Porém, antes passaram na cantina, onde tomaram café. A equipe só foi descoberta depois de entrevistar o casal. Só então, foi convidada a deixar o local.

Nota lamenta o episódio

O Hospital Universitário Evangélico de Curitiba divulgou, no final da manhã de ontem, uma nota à imprensa lamentando o seqüestro de Gabriele e informando que o desaparecimento foi constatado durante a madrugada de ontem pela equipe de enfermagem. A nota diz que o fato foi informado à Polícia Militar e à Polícia Civil, que já estão cuidando do caso e finaliza: ?O hospital continuará colaborando com os organismos policiais para o pronto esclarecimento do ocorrido?.

Ontem durante toda a manhã, a reportagem da Tribuna tentou contato com a direção do hospital, que prometeu marcar uma entrevista coletiva, mas resolveu apenas divulgar a nota sem a assinatura de nenhum diretor do hospital.

Sicride divulga retrato falado

Policiais do Serviço de Investigação de Criança Desaparecida (Sicride) estiveram, ontem pela manhã, no Hospital Universitário Evangélico colhendo informações sobre o seqüestro da garotinha Gabriele. Várias pessoas que tiveram contato ou viram a seqüestradora foram encaminhadas à delegacia para colaborarem com a confecção do retrato-falado da falsa enfermeira.

Quem tiver informações que possam ajudar a polícia a localizar a seqüestradora e o bebê deve entrar em contato através do telefone 224-6822.

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