“Baronesa do sexo” nega tráfico de mulheres

Denunciada pelo Ministério Público Federal, em agosto de 2008, por tráfico de mulheres e formação de quadrilha, Mirlei de Oliveira, 51 anos, que ficou conhecida como “Baronesa do Sexo”, participou ontem, na 3.ª Vara Criminal da Justiça Federal -em Curitiba – da audiência de inquirição de testemunhas de acusação. Quatro pessoas foram ouvidas, porém o teor dos depoimentos e os nomes delas não foram divulgados.

Ao sair do prédio da Justiça Federal, no Ahu, Mirlei mais uma vez negou as acusações. Disse que jamais enviou qualquer garota de programa para o exterior, que não participou de nenhuma quadrilha e que jamais extorquiu dinheiro das garotas que trabalharam em seu bordel ou dos homens que se interessavam por elas. Também negou envolvimento com tráfico de drogas.

Ajuda

A ex-cafetina contou que está estudando Direito, em São Paulo, onde mora desde que saiu da Penitenciária Feminina, em Piraquara, em abril de 2005, e que pretende fundar uma entidade assistencial para ajudar crianças filhas de presos.

Durante os sete meses que ficou na cadeia (foi detida em setembro de 2004, em balneário Camboriú SC), teve contato com várias mulheres que tinham dificuldades em criar seus filhos.

Mirlei teria sido abandonada por seus “clientes especiais”, que até hoje temem que ela revele seus nomes em alguma das audiências. Ontem, ela confirmou que conhece muita gente importante, mas que não diria qualquer coisa sobre essas pessoas.

Acusou apenas Cid José Jardim (que aparece no processo como quem tirava fotos eróticas das garotas para apresentá-las no exterior) de ter lhe “passado a perna” nas negociações que fez com a chácara.

Ele teria comprado o imóvel (no Alto Maracanã, em Colombo), segundo Mirlei, por R$ 700 mil, mas não efetuou o pagamento. “Ele me roubou”, disse ela, “e roubou também o fisco, pois declarou a compra por R$ 350 mil.”

Processo

Na ação penal que leva o número 2005.70.00.032242-8 PR, estão denunciados no delito de tráfico de mulheres, além de Mirlei, Cid José Jardim e Luival Lopes Menezes.

Na imputação de formação de quadrilha, constam os nomes de Mirlei, Iara Kogut de Camargo, Eure Ferraz Carneiro, Luival Lopes de Menezes, Cid José Jardim e Saul Chervonagura Trosman.

Queda do império

Mirlei manteve, durante 25 anos, o mais conhecido prostíbulo de Curitiba, frequentado por autoridades, políticos, policiais e pessoas influentes. Como o negócio se expandiu, transferiu o estabelecimento para uma chácara em Colombo.

Em 2004 foi denunciada por uma de suas garotas, de que estava mandando mulheres para fora do País, para prostituição, e que pretendia montar um bordel nos Estados Unidos.

Esta jovem, então com 24 anos, foi para Detroit, e foi recebida por um empresário americano, que, em suas viagens a Curitiba, frequentava o prostíbulo de Mirlei. Como ela estava doente, ele providenciou todo o tratamento necessário. Os dois se apaixonaram e passaram a viver junto.

Denúncia

Em outras vindas ao Brasil, ele disse ter sido extorquido por Mirlei, que queria o ressarcimento pelo envio da garota aos EUA. Temendo escândalo junto à empresa em que trabalhava, ele aceitou fazer alguns pagamentos.

Porém, diante de novas cobranças, a garota achou por bem denunciar Mirlei à polícia. Ela informou que a cafetina tinha enviado mulheres para a França, Espanha, Suíça e Inglaterra.