Bando mantinha operadora clandestina

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) divulgou ontem que a quadrilha responsável por 70% das clonagens de celulares no Brasil faria as duplicações das linhas para manter uma espécie de operadora de telefonia clandestina. De acordo com as investigações, a quadrilha mantinha um site que ofereceria um dos sistemas mais modernos de comunicação disponível no mundo, conhecido como Voice IP.

“Qualquer pessoa do mundo pode fazer ligações telefônicas usando a internet. Essas pessoas acessavam o site, pagavam por suas ligações, mas não sabiam que as chamadas eram completadas por linhas clonadas. Os chefes da quadrilha ficavam com o dinheiro pago pelos usuários e as operadoras que tinham os números duplicados, com o prejuízo”, explicou o delegado Marcus Vinícius Michelotto, chefe do Cope.

De acordo com as apurações técnicas feitas pela polícia do Paraná, o sistema Voice IP é uma tecnologia usada para converter dados da internet para a telefonia. Através de um software, é possível fazer uma ligação como a de telefone, só que pelo computador. As pessoas conectadas na internet se comunicam através de microfones e fones de ouvido instalados na máquina. Algumas empresas já começaram a explorar a nova tecnologia oferecendo as ligações pelo computador através de sites. Só que para o sistema funcionar é preciso que uma operadora de telefones móveis ou fixos complete as chamadas para conectar os computadores. No caso da quadrilha presa, essa operadora foi montada clandestinamente com as linhas de telefone celular clonadas.

Dessa maneira, era possível conectar dois usuários, através do sistema Voice IP, sem arcar com os custos de uma operadora de telefonia legal. “É por isso que acreditamos que os usuários do sistema clandestino tenham agido de boa fé, já que ao pedir pela chamada telefônica, os clientes deveriam preencher um cadastro e pagavam pelo serviço”, disse o delegado. A polícia ainda investiga o endereço do site mantido pela quadrilha.

EUA

A polícia do Paraná acredita que os apartamentos mantidos pela quadrilha em Campinas funcionavam como “centrais técnicas” da operadora clandestina, onde estavam todos os equipamentos e também onde eram feitas as clonagens. Mas a sede do esquema ilegal estaria nos Estados Unidos, onde ficaria a central que controla a página na internet que oferece os serviços de conexão via Voice IP. A suspeita foi reforçada depois que a polícia descobriu, através de notas fiscais, que os equipamentos encontrados em Campinas foram fabricados pela empresa Intercomm LLC, de Milwaukee, nos Estados Unidos. A manutenção dos equipamentos também era feita pela empresa. Nas notas fiscais, também constava o nome de Karin Said. “Por isso achamos que está nos Estados Unidos a cabeça do esquema. Também encontramos equipamentos desta empresa americana apreendidos pela Receita Federal de Campinas”, disse o delegado chefe do Cope, Marcus Michelotto.

A polícia americana será informada do caso, através da Agência Brasileira de Informações (Abin), para participar das investigações e descobrir qual era o site que oferecia o serviço de telefonia pelo computador.

Sigilo

O Cope pediu a quebra dos sigilos bancários dos quatro integrantes da quadrilha presos. Além disso, também foi pedida a quebra de sigilo das contas telefônicas de 131 celulares clonados encontrados nos apartamentos em Campinas. “Assim será possível rastrear as ligações e descobrir todos os que participaram, de alguma maneira, do esquema”, explicou Michelotto.

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