Avô luta pra descobrir matadores do neto

Há exatos três anos a vida do aposentado Wiro Tribess, 75 anos, tomou um rumo inesperado. O neto dele, Carlos Fernando de Modeste, 21, foi assassinado ao defender o pai durante um assalto, e com isso a luta por Justiça tornou-se sua única motivação para viver.

No dia 5 de abril de 2002 dois homens encapuzados e armados pularam o muro da empresa da família, a Plazcop, situada na Rua Sigfredo Day, Cidade Industrial, para cometer um assalto. Naquele dia, mais de 30 funcionários receberiam o pagamento. Os marginais abordaram o pai de Carlos, José Carlos de Modeste, que reagiu e entrou em luta corporal com um dos bandidos. Em defesa de José, o jovem interveio e acabou sendo baleado com um tiro no peito. Ele foi levado ao Hospital do Trabalhador, mas já chegou sem vida. Os assassinos fugiram sem levar nada.

Drama

Desde então, a família passou a amargar a dor da saudade e a revolta pela injustiça cometida. O avô do menino travou uma luta diária na busca pela prisão dos assassinos, mas até hoje nunca obteve respostas da polícia. Sem perder as esperanças, Wiro afirma que não vai desistir enquanto os homens que destruíram sua família não estiverem atrás das grades. "Eu só vou morrer tranqüilo depois que a Justiça for feita", diz ele.

O aposentado que veio de Blumenau, Santa Catarina, junto com a esposa e três filhos em 1965, sustentou seu clã trabalhando no conserto de acordeons. A profissão hoje virou um passatempo e refúgio para a tristeza.

Desde a morte do neto, Wiro e sua mulher visitam o túmulo do rapaz todos os fins de semana, no Cemitério Iguaçu, e quando querem rever o sorriso de Carlos, recorrem a uma fita de vídeo. Dois meses antes dele ser assassinado, Wiro comemorou suas bodas de ouro com uma festa onde todos os parentes compareceram. Em um dos trechos filmados Carlos aparece abraçando os avós e sendo abençoado junto com eles pelo padre que realizou a cerimônia. Aquela teria sido a última vez que a família se uniria em comemoração. "Nunca iriamos imaginar que dois meses depois estariamos enterrando meu neto e que minha vida perderia todo o sentido", finaliza o aposentado, que afirma não desistir de lutar enquanto houver impunidade.

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