Assassino de crianças enfim explica motivo das mortes

t81290105.jpg

Para psiquiatra Jairton revelou
detalhes dos crimes.

Durante quatro horas, o médico psiquiatra e chefe do laboratório de Hipnose Forense, Rui Fernando Cruz Sampaio, conversou com Jairton Cardoso, 32 anos, na tentativa de desvendar o que se esconde por trás de sua perturbada personalidade. Durante a longa sessão, o acusado confessou ter matado, sozinho, a babá Josiane Taborda de Oliveira, 14 anos, e Vinícius Félix Nascimento, 5, além de ter praticado atos libidinosos com a menina. Ele também contou que abusou sexualmente de outras duas garotas durante sua adolescência, além de sua enteada. Porém, em nenhuma das vezes Jairton consumou o ato, uma vez que sofre de impotência sexual.

Segundo Sampaio, o objetivo da sessão era conseguir fazer com que o acusado contasse as versões dos fatos, sem contradições. Através de uma entrevista bem estruturada, utilizando perguntas chaves e toda a técnica necessária, o resultado foi obtido com sucesso. Durante o longo tempo que durou a sessão, acompanhada pelo delegado Messias Antônio Rosa, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Jairton confessou ter pulado o muro da casa onde estavam as vítimas, e cometido os crimes sozinho. O objetivo, apontado pelo acusado, não era matá-los, mas "namorar" Josiane – termo que usa para explicar a prática de atos libidinosos -, uma vez que estava apaixonado por ela. "Ele nos contou que quando entrou na casa agarrou a garota, abaixou a calcinha dela e passou a mãos por suas partes íntimas. A jovem então passou a lhe ofender verbalmente, o que despertou sua ira e o fez apanhar uma faca na casa e golpeá-la. Quanto ao garoto, ele disse que o esfaqueou porque estava chorando muito e poderia chamar a atenção dos vizinhos, negando durante todo o tempo ter usado um revólver", contou Sampaio.

O perito o questionou várias vezes sobre a arma que teria usado no dia do crime, porém, Jairton afirmou com veemência que utilizou apenas uma faca. Outro fator que intriga a polícia é que nenhum projétil foi encontrado no local do crime, o que começa a pôr em dúvida o resultado do exame de necropsia, que teria apontado que o garoto foi executado com um tiro na nuca.

Impotência

Jairton contou que foi violentado sexualmente por um tio dos 8 aos 14 anos e que, aos 13, chegou a ser preso por abusar de uma garota. Aos 16 ele confessou ter reincidido no crime e aos 32 também, com a própria enteada. Porém, o acusado negou em todos os casos ter consumado o ato sexual, afirmando que as obrigava a fazer sexo oral, entre outras perversões. Segundo Sampaio, este é um comportamento típico de estupradores ou pervertidos sexuais. "Na maioria desses casos, o agressor tem dificuldade em ter ereção e, por não conseguir consumar o ato sexual, ele abusa de outras formas. Alguns sentem prazer fazendo isso, e outros sentem raiva como forma de punir sua frustração", explicou o perito.

No histórico de Jairton também estão vários internamentos em hospitais psiquiátricos e uso continuo, por dois anos, de remédios para pessoas com distúrbios psicológicos. Durante a sessão o acusado também contou que várias vezes ouviu vozes, fato que para Sampaio indica que Jairton tem um indicativo de alteração psiquiátrica. "Durante a entrevista ele estava bastante lúcido, falando de forma coerente, porém, indiquei que ele seja avaliado pelo departamento de Psquiatria Forense do Instituto Médico-Legal, para que seja confeccionado um laudo oficial quanto ao seu estado psicológico", finalizou Sampaio.

Cope grava relato de assassino

A confissão do crime feita por Jairton Cardoso, 32 anos, ao perito criminal Rui Fernando Cruz Sampaio, foi repetida no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). O delegado Messias Antônio Rosa tomou todos os cuidados de gravá-la em vídeo e documentá-la mais uma vez no papel, para evitar qualquer sobra de dúvida quanto a autoria.

A partir da semana que vem Jairton passará a ser avaliado no departamento de Psiquiatria Forense do Instituto Médico Legal, que ficará responsável por diagnosticar o estado psicológico dele, o que definirá seu futuro na cadeia, caso seja condenado. "Se for comprovado que Jairton tem distúrbios o juiz deve aplicar uma medida de segurança, mas se for provada sua sanidade mental ele será levado à júri popular como os demais criminosos", explicou o delegado.

Exame

Quanto ao exame das amostras de sangue que devem ser recolhidas das roupas encontradas na casa de Jairton, o Instituto de Criminalística ainda não tem um resultado. Segundo chefe do laboratório de DNA, Renato Dall’stella, as roupas estão no laboratório de química, onde os peritos deverão coletar o sangue das amostras.

Em seguida o material passa a ser confrontado com sangue das vítimas, no laboratório de DNA. O resultado esta previsto para sair em duas semanas, uma vez que o exame é bastante complexo e depende principalmente da qualidade das amostras do sangue recolhido.

Voltar ao topo