Artesã desaparecida é achada morta. Filha está sumida

O corpo da artesã Maria Emília Cacciatore Florêncio, 38 anos, foi encontrado no início da tarde de ontem, parcialmente enterrado em um cova rasa, próximo à Estrada Queimado, na localidade de Rio Abaixo, zona rural de Campina Grande do Sul. A vítima estava nua e coberta por cal da cintura para cima. Maria Emília havia desaparecido na última sexta-feira, dia 4, juntamente com a filha Vivian Florêncio, 3. Não há informações sobre o paradeiro da criança.

Um garoto caminhava pela margem da estrada, quando viu algo que lhe chamou atenção. Ao se aproximar, notou tratar-se de parte de um corpo que havia sido recentemente enterrado. Imediatamente, ele chamou o pai, que acionou a polícia de Campina Grande do Sul.

Com a presença da Polícia Científica, o corpo de uma mulher – jogado de bruços na cova rasa – foi retirado. Ela estava nua e nada que pudesse identificá-la foi encontrado. O corpo já estava em estado de decomposição devido o uso da cal. De acordo com o perito Vitorio, a vítima havia sido enterrada há aproximadamente três dias. O que causou a morte somente será esclarecido após exames complementares, a serem feitos no Instituto Médico Legal (IML).

Identificação

O corpo foi encaminhado para o necrotério do IML. Como as características visíveis da vítima eram semelhantes as da artesã desaparecida, familiares foram chamados para realizar o reconhecimento. Enquanto isso, teve início o trabalho do perito em identificação, o papiloscopista João Alcione Cavalli. Através do exame de luva cadavérica ele conseguiu comparar as digitais de Maria Emília com a mulher encontrada em Campina Grande do Sul. O resultado deu positivo.

Devido a cal jogada em cima da vítima, os trabalhos de identificação foram dificultados. ?Quem cometeu o crime sabia que a cal iria atrapalhar a identificação. Por sorte, o cadáver foi localizado antes que o produto acelerasse o processo de decomposição?, disse Cavalli. O papiloscopista afirmou que somente conseguiu finalizar com sucesso a identificação porque as digitais dos dedos indicador e polegar ficaram intactas. Os demais dedos e a arcada dentária já estavam comprometidos, de acordo com a apuração de Cavalli. Outro detalhe que chamou a atenção da polícia foi que o autor – ou autores do crime -, tirou a roupa da vítima e a jogou de bruço na cova, antes de enterrá-la, para acelerar ainda mais a decomposição do corpo.

Desaparecida

Após a identificação oficial da vítima, familiares da artesã se deslocaram até Campina Grande do Sul para acompanhar o trâmite para a liberação do cadáver. Como Maria Emília desapareceu juntamente com sua filha, o paradeiro da garotinha ainda é um mistério. Investigadores de polícia chegaram a vasculhar os arredores do local onde o corpo de Maria Emília foi localizado para ter certeza de que não havia outro corpo enterrado. Nenhum indício da existência de outro cadáver foi encontrado.

Viviam continua desaparecida.

Encontro com a morte

Um sargento da Polícia Militar está sendo investigado como suspeito no caso da morte, devido ao seu envolvimento com a artesã Maria Emília Florêncio. De acordo com a família dela, o PM seria o pai de Vivian e, no dia em que ambas desapareceram, eles teriam marcado um encontro. Depois de apanhar a filha na creche, a artesã foi até a Praça Tiradentes, centro de Curitiba, onde se encontraria com o policial para conversar sobre o possível pagamento da pensão alimentícia da criança, conforme versão familiar. Enquanto aguardava a presença do PM na praça, Maria Emília recebeu o telefonema de sua outra filha, de 11 anos, que estava preocupada com mãe. Como resposta a garota ouviu que a mãe aguardava uma amiga que estava atrasada para o encontro.

Após a ligação telefônica, a mulher não foi mais vista, nem entrou em contato com familiares.

Investigação

Depois do desaparecimento, o fato foi comunicado à Delegacia de Vigilância e Captura, (DVC), Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) e Grupo Águia da PM, que desde a última sexta-feira estão trabalhando no caso. Porém, os delegados ainda não se pronunciaram sobre o caso.

O comandante-geral da PM, coronel David Pacontti, informou que o sargento da PM – que é apontado como suspeito – já havia prestado depoimento às polícias Civil e Militar sobre o desaparecimento de Maria, porém relatou que nada sabia e que não tinha envolvimento com o sumiço. Porém, com o encontro do corpo da mulher, foi requisitado que o sargento comparecesse novamente ao Quartel do Comando Geral para prestar novos esclarecimentos. ?Ele fica retido no quartel e será ouvido diante desse novo fato (encontro do cadáver)?, explicou o coronel Pirollo, da Comunicação Social da PM.

Choque

Até o final da tarde de ontem os pais da vítima e os filhos dela – de 11 e 14 anos – não sabiam sobre a morte de Maria Emília. Segundo o irmão dela, Sérgio Florêncio, um médico deveria acompanhar o momento em que a notícia fosse dada, pois a mãe da vítima sofreu enfarte na semana passada.

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