Ao sacar dinheiro, todo cuidado é pouco

Entrar e sair de uma agência bancária é uma tarefa muito arriscada para qualquer cidadão. Bandidos ?especializados? em roubar clientes bancários continuam agindo no Paraná e, segundo a polícia, são pessoas que fazem um grande estudo da situação antes de agir: são indivíduos de má-fé que se postam dentro das agências para sondar quem tirou grande quantidade de dinheiro do caixa e que avisam outro comparsa que já está do lado de fora esperando o sinal e pronto para fazer sua vítima.

?A gente tem conta em banco, paga tantos impostos para eles e ninguém toma nenhuma providência. Acho que poderia ter seguranças privados nas portas dos bancos. Os bancos poderiam se unir e fazer isso, já que a polícia não faz?, disse uma das vítimas que prefere não se identificar. Ela foi assaltada no trajeto de dois bancos, menos de cinco minutos depois que saiu de uma agência para entrar em outra. E o valor que ela carregava não era tão alto. O delegado da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Rubens Recalcatti, disse que os chamados ?roubos de saída bancária? são bastante freqüentes, embora ele prefira não falar em quantidade ou dizer os números registrados na delegacia. ?Nestes casos a nossa orientação é nunca movimentar grandes quantias em dinheiro?, orientou.

De acordo com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, informações deram conta de que acontecem de três a quatro casos semelhantes a este por dia na capital. ?Não só fora do banco, mas também no auto-atendimento, onde muitas vezes não há vigilantes?, reclamou a presidente do sindicato, Marisa Stédile.

De acordo com Marisa, a situação é tão grave que a polícia chegou a solicitar que representantes do sindicato fossem à delegacia para conversar sobre o assunto. ?Eles pediram para nós uma campanha de orientação dos funcionários que trabalham no auto-atendimento para que eles tenham mais discrição na hora de conversar com o cliente para ninguém ouvir?, contou Marisa. Para o sindicato, algumas medidas podem ajudar em situações em que o cliente fica exposto no caixa, como portas-eletrônicas instaladas antes do auto-atendimento e mais vigilantes nessa área também, não só dentro das agências. A colocação de algum aparato em volta dos caixas também seria uma alternativa, na opinião de Marisa. ?Os clientes também devem ter mais cautela e não sacar grandes valores em dinheiro, pois podem ser feitas movimentações internas?, opinou.

Cope já prendeu quadrilha especializada

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil, registrou dois casos de assalto a bancos este ano em Curitiba (ambos em postos bancários, onde não há portas de segurança), cujas quadrilhas ainda não foram presas. No ano passado, o Cope tomou conhecimento de quatro assaltos (num deles, a família do funcionário do banco foi refém). Os autores de um dos roubos de 2006 ainda não foram detidos.

Com relação aos clientes bancários que são roubados na saída das agências, o Cope prendeu há cerca de duas semanas uma quadrilha de assaltantes. No total, 17 vítimas já reconheceram os integrantes do bando, que ?contabilizaram? cerca de R$ 400 mil, fora os veículos de luxo que tinham, alguns, inclusive, registrados no nome dos bandidos mesmo. ?A quadrilha que foi presa há duas semanas agia da mesma forma como muitas agem: um dos bandidos ficava dentro da agência, às vezes até na fila, e avisava outro que estava fora do local. Muitas vezes eles até perseguem a vítima até a residência ou o trabalho, usando carros que não despertam qualquer suspeita. Mas depois que prendemos essa quadrilha, houve um decréscimo nesse tipo de crime?, contou o delegado do Cope, Miguel Stadler.

Neste ano, o Cope registrou um caso de assalto a banco no qual a família do funcionário ficou refém. ?Essa quadrilha também foi presa?, informou. (MA)

Bancários temem marginais

Ser roubado no seu local de trabalho, ficar sob a mira de um revólver durante horas e ainda ficar com seqüelas físicas e psicológicas é a realidade de muitos bancários. Um profissional, que prefere não se identificar, levou um susto quando notou a presença de um assaltante em sua agência às 10h30 da manhã. Ela contou que o ladrão agiu com muita violência, fazendo ofensas e ameaças constantes, o que a deixou traumatizada. Sua família também sentiu os reflexos negativos do roubo, pois o medo tomou conta de todos. ?O meu filho era alegre, brincava com todos. Depois do assalto ele ficou sério, nervoso. Fisicamente ele se recuperou, mas psicologicamente não há recuperação?.

Situações como esta são comuns no ambiente bancário. De acordo com a psicóloga Simone Silva Gallerani, que atende a categoria há alguns anos, 90% dos casos de bancários atendidos em seu consultório apresentam problemas decorrentes de algum trauma, como de demissões, assédio moral, coerção e violência. ?Está aumentando muito o número de casos de síndrome do pânico em decorrência de toda essa violência que está ocorrendo. Os casos de depressão também estão cada vez mais freqüentes?, afirmou. (MA)

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