Amigo do “demo” agride policial

Irritado com o superintendente Valdir Bicudo, da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, o preso João Everson Semeão, 32 anos, agrediu o p durante a apresentação dele à imprensa, na manhã de ontem, com empurrões e chutes. O policial revidou e a confusão foi contida com a chegada do delegado José Mário Franco, titular da DP. João Everson declarou à polícia que cometeu o crime após fazer um "pacto com o diabo", pela internet.

Algemado com as mãos para frente, João Everson, que havia acabado de receber alta do hospital, foi levado à sala do superintendente, onde os profissionais da imprensa o aguardavam para ouvir sua versão sobre o latrocínio que vitimou o aposentado Orlando Ferreira Alves, 71, no último dia 21. O corpo foi encontrado somente no domingo, enterrado nos fundos da casa do acusado.

Ao chegar na sala, o detento avisou que não queria falar com a imprensa, o que irritou o policial: "Matou um velhinho de 1,60 m de altura. Agora vai falar, senão depois a gente conversa", disse o superintendente em tom intimidador, na frente dos repórteres. Em seguida, Bicudo foi em direção ao preso, que se levantou da cadeira e, aproveitando-se de seu 1,87 m de altura, usou o ombro para empurrar o policial contra a parede por duas vezes. Vendo a cena, repórteres foram chamar reforço para conter o acusado. Ao chegar, o delegado José Mário pediu para que ele parasse e, sem muito esforço, puxou-o pela blusa e João Everson sentou-se novamente, demonstrando que sua raiva era somente contra o superintendente.

Repetição

Por várias vezes João Everson repetiu ao delegado: "Ele me agrediu", referindo-se a Bicudo, porém não explicou em que momento nem como foi agredido, se fisica ou verbalmente. Em seguida, também por várias vezes, xingou o policial de "bobão". De repente, Bicudo se aproximou do preso e desferiu um chute, que foi automaticamente revidado por João Everson. A pedido do delegado, o preso sentou-se outra vez. O superintendente, não satisfeito, desferiu um tapa no rosto dele e se afastou. Na seqüência, chegaram outros investigadores e o delegado pediu para que os repórteres se retirassem da sala e a porta foi trancada, ficando somente o preso e os policiais. A cena da troca de agressões foi registrada pela equipe de reportagem do programa Tribuna na TV, que foi ao ar ontem e será repetida hoje, às 12h35.

Versão

Na tarde de ontem o superintendente disse que não esperava a atitude do detento. "Me segurei para não atirar. A arma estava na minha frente. Em uma situação desta você tem que manter o controle", salientou.

O delegado José Mário Franco contou que foi surpreendido em sua sala pelos repórteres, que avisaram: "Doutor, corre lá que o Bicudo está apanhando." Ele comentou que João Everson é uma pessoa desequilibrada e que se irrita facilmente. "Ele muda de temperamento a cada instante. É mais uma dificuldade que temos que administrar", disse o delegado. Ele contou que ontem o xadrez da delegacia, que tem capacidade para 16 detentos, estava com 86 presos. "Estamos tentando transferir este rapaz para o manicômio. Não podemos deixá-lo junto com os demais detentos", ressaltou o delegado.

Na casa do criminoso, outra cova pronta

Na manhã de ontem, João Everson Semeão, 32 anos, recebeu alta do Hospital Cajuru e foi transferido para a delegacia de Alto Maracanã, em Colombo. Ele é acusado de ter assassinado e enterrado no quintal de sua casa o aposentado Orlando Ferreira Alves, 71, e de ter se apoderado do carro da vítima para vendê-lo. Posteriormente, arrependido, tentou suicídio esfaqueando-se, o que lhe valeu alguns dias de hospitalização. Na delegacia o detido não quis falar à imprensa.

O delegado José Mário Franco confirmou as declarações publicadas na edição de ontem da Tribuna, nas quais o detido afirma ter feito um "pacto com o diabo para melhorar de vida" e que deveria matar uma pessoa – relacionada à venda de veículos – por semana. Também há informação de que João mantinha contato com um homem, em Apucarana (PR), através de um site que vende idéias que prometem facilitar o acerto em jogos de loteria. "Ele estava com problemas financeiros e disse que cometeu o crime por isso", informou o delegado.

Na conta-corrente desse homem desconhecido, em Apucarana, o preso teria depositado R$ 5 mil – quantia que foi arrecadada na venda do Pálio do aposentado. A polícia procura os comprovantes do depósito e tentam identificar o proprietário do site.

Cova

Na manhã de ontem, policiais da delegacia de Alto Maracanã e soldados do Corpo de Bombeiros vasculharam o quintal da moradia do suspeito em busca de outros possíveis corpos. A polícia havia recebido a informação de que mais pessoas poderiam ter sido assassinadas e enterradas ali. Embaixo da casa havia mais uma cova feita. No entanto, nenhum corpo foi encontrado.

As investigações continuam na intenção de descobrir se João agiu sozinho ou contou com a ajuda de outra pessoa para o homicídio. Os familiares da vítima também afirmam que R$ 1.500,00, em dinheiro, que estavam em poder de Orlando, no dia do crime, desapareceram. 

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