Agente denuncia irregularidades na PEP

Com a intenção de esclarecer os reais motivos da rebelião ocorrida no dia 28 de novembro, na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), os três agentes de disciplina (funcionários de uma empresa terceirizada) que foram mantidos reféns – Marcos Murilo Holzmann, Emerson Ramos e Amauri Pereira Carneiro – foram convidados a prestar depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa.

Os três deveriam ser ouvidos ontem, no final da manhã, na própria Assembléia, em Curitiba. Porém, apenas o agente Marcos Murilo compareceu. Emerson e Amauri, apesar de anteriormente terem confirmado presença, não apareceram e não foram localizados pelos integrantes da comissão.

Afastados

Os três agentes estão afastados de suas funções pela Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, sendo que o secretário Aldo Parzianello suspeita que uma falha humana pode ter provocado o motim na PEP. A opinião do secretário é contestada pelos agentes que afirmam: “A rebelião foi facilitada por uma série de irregularidades no presídio”.

Durante seu depoimento, Marcos contou como foi rendido pelos detentos. Segundo ele, um preso saiu de dentro de um cubículo portando uma arma de fogo. “No final da rebelião, foi constatado que esta arma era feita de sabão, envolta em papel e pintada. Porém, no momento, eu não tinha como avaliar se a arma era verdadeira ou não e acabei sendo rendido”, contou. “Na galeria onde a rebelião ocorreu estavam 23 internos. Eram todos contra eu e outros dois agentes mantidos reféns.”

Marcos negou que tenha facilitado a rebelião e disse que, assim como os outros dois agentes, está se sentindo discriminado e injustiçado por estar sendo responsabilizado sozinho pela ocorrência. “Achamos que nosso afastamento é normal e faz parte dos procedimentos legais de investigação. Porém, estamos nos sentindo discriminados pelo fato de não estarmos tendo oportunidades de dar nossas versões sobre o caso. Só nós, que ficamos reféns cerca de treze horas, nas mãos de pessoas perigosas e frias, estamos sendo responsabilizados pelo ocorrido”, reclamou

Gritos

Durante o tempo em que ficou sob o poder dos presos, Marcos afirmou ter escutado gritos e pedidos de socorro. Também revelou ter ouvido muita coisa em relação ao direitos humanos dos presos, como o fato de eles viverem em galeria de isolamento, não terem acesso a médicos e contarem com pouco alimento. O agente disse que deve revelar mais detalhes à Promotoria de Investigações Criminais (PIC) sobre o que escutou.

A rebelião resultou na morte de dois detentos: Maikon dos Santos, de 22 anos, morto após um suposto racha com integrantes do PCC, e Saneo Aparecido Santos, de 27 anos, suspeito de envolvimento no assassinato do deputado Tiago Amorin, de Cascavel. (CV)

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