Acusado volta à prisão e confessa mais mortes

O homem acusado de exterminar quase uma dezena de vidas está de volta à cadeia. Miguel Pedroso Vega, 31 anos, teria participado, entre outros crimes, de uma chacina que vitimou três pessoas e de dois duplos homicídios. Enteado do conhecido presidiário “Zé da Carroça”, ele foi detido no Bairro Alto, em cerco feito pela delegacia de Pinhais, junto com um adolescente de 17 anos, também acusado de envolvimento em homicídios. Outros quatro supostos homicidas, incluindo um irmão e uma irmã de Miguel, estão sendo procurados pela polícia.

Contra Miguel já pesavam um inquérito por tráfico de drogas, um por assassinato e dois por tentativa de homicídio. Em 2000, foi condenado e cumpriu um ano e sete meses de cadeia pela morte de um usuário de drogas. Há dois meses, foi apresentado pela Delegacia de Homicídios como suspeito de participar da chacina cometida em 2 de julho, na Rua Mar da Galiléia, Jardim Acrópole, Cajuru. Mas foi solto por um erro judiciário, segundo o delegado Artur Zanon, de Pinhais. “Ele obteve alvará de soltura apenas por uma das tentativas de homicídio. Os demais crimes não foram observados”, falou.

Revelações

Diante de tantos inquéritos, Miguel resolveu “abrir o jogo”, segundo o delegado. O preso revelou detalhes de vários outros crimes, alguns deles considerados insolúveis até então. “Ele forneceu o relato de casos e deu datas e locais aproximados. Vamos pesquisar os nomes completos das vítimas, que ele não soube dizer”, falou Zanon.

Miguel confessou, por exemplo, que em 2000, no Jardim Acrópole, matou com um tiro de espingarda um vizinho chamado Moisés, que teria assediado sua esposa enquanto ele estava na cadeia. Revelou também que matou a tiros um homem com quem discutiu num bar de Paranaguá, há cerca de três anos. Disse ainda que o irmão dele, Ângelo, promoveu um tiroteio durante festa de aniversário em uma associação no Tarumã, há cerca de quatro meses – provável referência ao crime cometido em 25 de maio deste ano, no qual morreram Jeferson Jardim Ferraro, 21 anos, e Sara Dayane Maceno Cordeiro, 17.

Em família

Vários crimes atribuídos a Miguel também teriam a participação de seu irmão Ângelo Pedroso, 25 anos. Ambos fariam parte de uma quadrilha organizada pelo padrasto deles, José de Lima Pinto, o “Zé da Carroça”, apontado como responsável por diversas mortes e recolhido por homicídio na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara. A mãe dos dois primeiros e amásia de “Zé”, Teresa Pedroso Vega, está detida na Penitenciária Feminina de Piraquara, e sua filha Jaira Aparecida Pedroso, 29 anos, cumpriu pena por tráfico de drogas e tem mandado de prisão por co-autoria em assassinatos. A família, suspeita a polícia, também tem relação com assaltos.

O adolescente detido junto com Miguel teria envolvimento com a quadrilha e é apontado como autor de dois homicídios. O ex-presidiário Clélcio de Oliveira, 22 anos, foi assassinado a tiros no último dia 3, no Conjunto Atuba, em Pinhais, horas depois de deixar a cadeia. A mandante, segundo Zanon, seria a própria amásia da vítima, Ana Cristina Minerve, 18 anos, e o irmão dela, Pedro Paulo Minerve, 20, também estaria envolvido. Os dois últimos estão com as prisões preventivas decretadas.

O menor também estaria envolvido na morte de Juliana Silva Inácio, 15 anos, ocorrida em 17 de agosto deste ano, no Conjunto Renato Bonilauri, em Pinhais. Um adolescente teria atirado, e outros dois, incluindo o que está na prisão, seriam os co-autores. A garota morreu porque tentou impedir o assassinato do namorado, que seria o verdadeiro alvo dos criminosos.

Brigas, drogas e muito sangue

Dos crimes atribuídos a Miguel e sua quadrilha constam os assassinatos de Márcia Cristina Martins Pereira, 26 anos, e Paulo Emiliano de Araújo, 19, além de outros sete. O casal foi morto a tiros na madrugada de 7 de setembro passado, no Jardim Pedro Demeterco, em Pinhais. Miguel diz que encontrou Paulo, a quem não conhecia, numa lanchonete da Avenida João Leopoldo Jacomel. Na saída, a vítima teria intimado o acusado, dizendo que sabia de seus antecedentes. Houve luta entre os dois, e Miguel teria tomado a arma de Paulo e o baleado. Márcia estava no meio da confusão e, segundo a polícia, foi baleada pelo irmão de Miguel, Ângelo Pedroso. Os crimes teriam ocorrido na casa da irmã dos acusados, Jaira, que teria lavado o sangue após as execuções. Os corpos mais tarde foram abandonados em uma valeta próxima.

Mais sangue

Também seriam vítimas do bando Karen Regina Duarte Vieira, 38 anos; Kettlyn Vieira Lotosk, 14, e Anderson Luiz Carvalho dos Anjos, 21, assassinados a tiros em 2 de julho último, na Rua Mar da Galiléia, Jardim Acrópole, Cajuru.

Segundo Miguel, Anderson havia prometido matá-lo. Diz que atirou no inimigo no instante em que este levou a mão à cintura. Karen e a filha Kettlyn estavam no mesmo local e teriam sido mortas por Ângelo e um indivíduo conhecido como Alceu – segundo Miguel, o irmão disse que Karen deveria morrer porque era “alcagüeta”. Outras três pessoas foram baleadas. De acordo com a polícia, o crime ocorreu na casa de Anderson, que fez parte da quadrilha dos irmãos.

Jackson Rodrigo Francisco Leite foi morto a tiros em 6 de fevereiro do ano passado, no Jardim Acrópole, Cajuru. Soldado da Polícia Militar, Jackson seria usuário de entorpecentes. Teria sido morto por Ângelo, “Zé da Carroça” e um indivíduo conhecido como “Cabelo”, por causa de dívida de droga.

Droga

Ainda figura como vítima da gangue Marcelo dos Santos, 26, executado e jogado numa cava do Parque Náutico Iguaçu, no Boqueirão, em 29 de setembro de 2001. Marcelo também seria viciado e, segundo a polícia, foi morto por “Zé da Carroça” por dever ao traficante. Miguel, acusado de co-autoria, cumpriu pena de um ano e sete meses por este crime.

Por fim, num total de nove assassinatos, constam as vítimas Aírton de Oliveira, 30, e Eliseu Peres, 36. Os dois foram mortos dentro de um Gol, na Rua Monte Sinai, Jardim Acrópole, em 29 de setembro de 2001. Miguel também os matou por causa de drogas.

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