YPFB pede negociações sobre gás com Petrobras

A estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) enviou notificação oficial à Petrobras pedindo o começo das negociações sobre o preço do gás vendido ao Brasil. Agora, as duas empresas devem criar um grupo de trabalho para discutir a questão em um prazo máximo de 45 dias, contados a partir da primeira reunião. Os bolivianos ainda não falaram em valores, mas esperam obter um preço próximo ao negociado com a Argentina, em torno dos US$ 5,50 por milhão de BTU (unidade internacional de medida do gás).

Atualmente, o Brasil paga cerca de US$ 3,40 por milhão de BTU, valor que será reajustado no início de julho, segundo prevê o contrato. O governo da Bolívia, no entanto, quer uma revisão mais ampla, que a Petrobrás resiste em aceitar. Ontem à tarde, o diretor de Gás e Energia da estatal brasileira, Ildo Sauer, disse que ainda não recebeu a notificação da YPFB, mas vai atender à demanda por novas negociações, "de acordo com o espírito do contrato". Ele reforçou, porém, que não há espaço para aumento de preços.

Segundo o Ministério dos Hidrocarbonetos da Bolívia, as negociações com o Brasil serão iniciadas logo após a conclusão das conversas com a Argentina, o que deveria ocorrer ainda ontem. Durante todo o dia, o ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido, esteve reunido com representantes da YPFB e do governo boliviano para tratar do assunto, mas nenhuma decisão foi comunicada até o fechamento desta edição.

A expectativa, porém, é que a Argentina aceite um preço entre US$ 5 e US$ 5,50 por milhão de BTU. Segundo os próprios bolivianos, no entanto, a negociação com Buenos Aires é mais fácil do que com o Brasil, pois o contrato de venda ao mercado argentino, de 7,7 milhões de metros cúbicos por dia, vence no fim do ano. Ou seja, os dois países teriam mesmo de sentar à mesa este ano. Já o contrato com a Petrobrás vai até 2019, mas os bolivianos querem uma revisão extraordinária

No mês passado, o ministro boliviano dos Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, disse que o preço do gás para o Brasil poderia chegar a até US$ 6 por milhão de BTU, sem que o produto perdesse competitividade com relação ao óleo combustível, principal concorrente. Ele admitiu, porém, que a YPFB teria dificuldades em obter todo este reajuste de uma só vez. A direção da Petrobraás vem afirmando repetidamente que não vai aceitar aumentos. O contrato prevê que, se as duas partes não chegarem a um acordo em 45 dias, a questão pode ser levada à arbitragem internacional.

A Petrobras e a YPFB negociam ainda temas relativos à transferência, à estatal boliviana, das duas refinarias operadas pela brasileira no país vizinho e à mudança dos contratos de concessão de campos produtores após a nacionalização das reservas locais. Essas questões, porém, são tratadas por grupos de trabalho específicos, formados, do lado brasileiro, por executivos da Petrobras Bolívia. Em relação ao preço, as discussões devem ser feitas com a matriz no Brasil, que é compradora do gás boliviano.

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