Votação do relatório parcial de deputado tucano deve ser adiada

Uma queda-de-braço entre petistas e tucanos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios deverá adiar a votação do relatório parcial, apresentado há 15 dias pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que considerou uma "farsa" os empréstimos de R$ 55 milhões feitos pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza nos Bancos BMG e Rural para alimentar o suposto caixa dois do PT. O motivo da briga é a inclusão no parecer, previsto para ser votado amanhã (24), do empréstimo feito por Valério para financiar a campanha à reeleição, em 1998, do então governador de Minas Gerais e atual senador Eduardo Azeredo (PSDB).

Os petistas e o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB- PR), defendem a mudança no relatório para incluir o depoimento de Cláudio Mourão, que foi tesoureiro da campanha de Azeredo, em 1998. Mourão admitiu que fez caixa dois na campanha à reeleição do governador, sem o conhecimento do tucano. Fruet resiste, no entanto, a alterar o documento parcial. Alegou que o relatório se refere aos seis empréstimos feitos por Valério no BMG e Rural e que é preciso aprofundar as investigações sobre os empréstimos feitos pelo empresário mineiro para a campanha de Azeredo.

"É até uma leviandade incluir isso no relatório, uma vez que nem analisamos os dados referentes ao Azeredo", argumentou. "Se é para ser assim, temos de incluir também o monte de gente citado por Duda Mendonça (publicitário) em seu depoimento", observou o sub-relator. Já Serraglio, que apresentou o relatório parcial junto com o tucano, afirmou hoje que mudará o documento para incluir o depoimento de Mourão. "Os relatórios parciais são todos do relator e são elaborados em contribuição dos sub-relatores. Não tenho nenhuma restrição em mudar esse relatório parcial e incluir o depoimento do Mourão", afirmou Serraglio.

O impasse irritou o líder do PT no Senado e presidente da CPI, Delcídio Amaral (MS). "Parece um jardim de infância. As pessoas não conversam. Os partidos da base e de oposição têm de sentar para conversar", afirmou. O parecer propõe que o Ministério Público (MP) indicie Valério e o ex-secretário de Finanças e Planejamento do partido Delúbio Soares.

A inclusão do empréstimo de Valério a Azeredo é negociada por Amaral com aliados e oposicionistas da CPI desde a semana passada. Num jantar ontem (22) à noite com sete integrantes da comissão, houve um consenso para que o caso de Azeredo fosse abordado no relatório parcial. "Houve uma espécie de acordo para incluir os tucanos no relatório do Fruet", afirmou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). O jantar não teve, no entanto, a participação de Fruet, que tem posto empecilhos grandes para alterar o relatório.

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