Venda de calçados cai em Franca e emprego melhora

O setor calçadista de Franca (SP) estima que haverá uma queda acentuada nas suas exportações no primeiro trimestre deste ano, 8,27% a menos do que no mesmo período de 2006, somando algo em torno de 388,3 mil pares. Em contrapartida, houve uma recuperação de 6,10% no número de empregos, que atualmente totalizam 24,4 mil.

Apesar de os dados de março serem finalizados hoje e os resultados finais saírem apenas daqui a 15 dias, o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca), Jorge Donadelli, afirma que esses números deverão estar bem próximos da realidade.

"As exportações estão caindo desde 2005, todos os meses um pouquinho. A cotação do dólar é o grande vilão, unido à política de juros, altos demais para nós. Já a geração de empregos pode ter como razão uma melhora do mercado interno", explicou Donadelli.

Ao que tudo indica, os pedidos feitos no período da Couromoda (janeiro deste ano) começam agora a resultar em aumento da produção. Já a questão do câmbio foi uma das principais reivindicações constantes de um dossiê levado por integrantes do setor a uma audiência pública no Congresso Nacional, no dia 21 de março. "Foi um verdadeiro pedido de socorro para o setor. Contamos com a vontade política. O setor, por si só, não vai escapar se o governo (federal) não fizer algo", desabafa.

Conquista judicial

Apesar dos obstáculos, Donadelli conta que o Sindifranca obteve uma importante vitória judicial no início desta semana, no resultado de uma ação proposta em 2000, quando a entidade questionou a constitucionalidade da Lei 9.718/98, que aumentou a base de cálculo do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), majorando o recolhimento que deveria ser feito sobre o faturamento e não sobre as outras receitas auferidas pela empresa. O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu direito de restituição aos associados. "Embora não sejam muitos os beneficiados, os valores sejam muito pequenos, já é uma ajuda", avaliou.

Sobre a negociação com o Sindicato dos Trabalhadores, concluída há uma semana, Donadelli informou que ela resultou num acordo para reajuste de 5%, indo o piso salarial para R$ 485, além de participação nos lucros e resultados (PLR) de 80 horas, pagável em duas parcelas semestrais, auxílio-escolar de R$ 130 por criança e avanços em algumas cláusulas sociais, como a concessão de estabilidade para aposentados com dez anos de casa que estejam a oito anos de obter o benefício. Até então, ela só era válida quando faltassem dois anos.

Atualmente, Franca tem cerca de 800 empresas. O carro-chefe de sua produção – calçados masculinos finos – é vendido para mais de 70 países, especialmente da Europa, Oceania e África do Sul.

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