Vaticano tende a revisar idéias sobre o limbo e os bebês

Teólogos do Vaticano estão tendendo a revisar um entendimento de séculos de que crianças que morrem sem serem batizadas não podem ir para o céu, disseram autoridades eclesiásticas. "Todos nós temos esperanças de que os bebês possam ir para o céu, no estudo revisado sobre o limbo", disse o reverendo Luis Ladaria, um jesuíta que é secretário-geral da Comissão Teológica Internacional do Vaticano.

A comissão, que assessora o papa e outras autoridades da Igreja, debate há uma semana a questão do limbo a fim de elaborar um documento. Durante uma pausa no debate, Ladaria falou por telefone da Cidade do Vaticano. Apesar de os católicos há muito acreditarem que crianças que morrem sem o batismo têm o pecado original e portanto não podem ir para o céu, a Igreja não tem uma doutrina formal sobre a questão, destacaram autoridades do Vaticano.

Teólogos têm ensinado que tais crianças desfrutam um estado eterno de perfeita felicidade natural, um estado comumente chamado de limbo. Só que falta a eles uma visão de Deus. Os teólogos, tanto clérigos como laicos, realizaram uma sessão hoje. Mas Ladaria disse que os teólogos não chegaram ao ponto de elaborar um documento.

A tevê estatal italiana divulgou ontem que o documento deverá ficar pronto no ano que vem. "É bem possível", disse Ladaria. Mas "quando estiver pronto para ser publicado, serão eles (o Vaticano) que decidirão" pela publicação, e não a comissão. Desde que o papa Bento XVI e seu predecessor, João Paulo II, pediram a teólogos para reexaminar a questão do limbo, espera-se que um documento seja tornado público.

Bento celebrou missa hoje com membros da comissão, mas sua homilia, uma reflexão sobre o trabalho dos teólogos, não tocou no debate sobre o limbo. A esperança de Ladaria de que bebês não batizados poderão ascender ao céu é compartilhada por um bispo italiano que faz parte da comissão.

Perguntado se o documento irá "fazer a balança pender para o paraíso" para bebês que acredita-se estariam agora no limbo, o arcebispo Bruno Forte respondeu à tevê italiana: "Espero que sim". O arcebispo William Levada, prelado de São Francisco que no ano passado tornou-se o guardião da ortodoxia da fé do Vaticano depois que Bento assumiu o papado, considera premente se resolver a questão do limbo. Levada citou o aumento do número de crianças não batizadas nas sociedade marcadas pelo, segundo ele, "relativismo cultural e pluralismo religioso".

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