Vaticano busca apoio dos países da América Latina

O Vaticano quer que os países latino-americanos defendam a liberdade de expressão do papa Bento XVI e que, assim, ajudem a Igreja a conter as repercussões do recente discurso do pontífice na Alemanha, considerado ofensivo pelos muçulmanos. Ontem, o papa voltou a defender o diálogo religioso e o respeito entre os povos depois de mais uma vez condenar toda forma de violência.

A iniciativa do Vaticano na América Latina faz parte de uma ofensiva diplomática lançada nos últimos dias pela Santa Sé para reverter a situação. Na sexta-feira, o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) deve se reunir para debater o assunto. O encontro foi pedido pela Organização da Conferência Islâmica, que reúne mais de 50 países muçulmanos. O Paquistão, falando em nome do bloco, deixou claro que a escolha do papa por um texto sobre o Islã que estabelecia relações entre a religião e a violência foi "lamentável".

Em declarações à Agência Estado, o representante do Vaticano na ONU, arcebispo Silvano Tomasi, revelou que a Santa Sé mobilizou seus "embaixadores" pelo mundo para tentar reverter a polêmica. "Estamos pedindo duas coisas basicamente aos governos latino-americanos. A primeira é que defendam o princípio da liberdade de expressão. A segunda é que leiam na integralidade a aula dada pelo papa na universidade alemã que causou esses problemas", afirmou Tomasi.

O primeiro resultado foi o anúncio na segunda-feira da União Européia de um apoio ao pontífice e à liberdade de expressão. O Vaticano espera reunir até sexta o maior apoio possível para que possa ser defendido na reunião da ONU. A Santa Sé, apesar de ser um Estado, é apenas membro observador na ONU e, portanto, não poderia votar caso seja proposta uma resolução sobre o assunto.

Em Roma, o secretário-geral do Centro Cultural Islâmico, Abdalá Raduan, disse que os muçulmanos italianos "dão o caso por encerrado". O primeiro-ministro da Malásia, Abdullah Ahmad Badawi, também considerou satisfatórias as declarações conciliatórias do papa.

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