Varejo estica crediário para atrair consumidor

Desde janeiro de 1999, quando mudou o regime cambial, os prazos dos financiamentos para compra de veículos não eram tão longos. Hoje, é possível comprar um carro para pagar em seis anos (72 meses). No caso de um eletroeletrônico, o limite atual é de três anos (36 meses), o maior desde maio de 2002, aponta a pesquisa da Associação nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac)

Quem financia o consumo está ciente que o crediário longo é mais arriscado, porque muita coisa pode mudar na vida do consumidor durante esse período. Não é à toa que a inadimplência do consumidor encerrou maio em 7,6% dos créditos a receber, segundo dados do Banco Central. É uma alta de 1,6 ponto porcentual nos últimos 12 meses e de 0,9 ponto neste ano

Mas com a trajetória de queda da taxa básica de juros desde setembro do ano passado, associada à alta da inadimplência, lojas, bancos e financeiras trocaram a opção de baixar os juros ao consumidor por alongar os prazos, afirma o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira. "Isso dá ao consumidor a sensação de queda dos juros, já que os valores das prestações ficam menores com os prazos mais longos, sem que as instituições abram mão de seus ganhos financeiros pré-fixados, porque as taxas são mantidas", diz Oliveira

Ao esticar os prazos, a meta das lojas e financeiras é reduzir o valor da prestação e ampliar as vendas, trazendo novas camadas da população para o mercado consumidor. As Casas Bahia, por exemplo, já contabilizaram aumento das vendas em razão do alongamento do crediário. No primeiro semestre, a rede vendeu 90 mil computadores, 150 mil videokês e 60 mil máquinas fotográficas digitais. O acréscimo dos volumes em relação ao mesmo período de 2005 foi de 114%, 219% e 50%, respectivamente

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