Uma bancada ruralista forte

Aproxima-se o dia de elegermos o presidente da República, os governadores dos Estados, os senadores e os deputados federais e estaduais. E esta é a oportunidade de o eleitorado comprometido com a atividade rural voltar a atenção para os candidatos afinados com as causas da agricultura e da pecuária. É preciso reforçar a bancada ruralista no Congresso Nacional, porque são muitas as reivindicações do homem do campo e poucos os representantes na Câmara e no Senado que lutam por elas.

Nos Estados Unidos, por exemplo, com o índice do PIB da agricultura mais baixo que o do Brasil e com apenas 3% da população no campo, a representação ruralista no Congresso é a segunda mais importante, só superada pela classe dos advogados. No caso do Paraná, são poucos os congressistas ruralistas na Câmara Federal e no Senado, que batalham em defesa desse fundamental segmento da economia brasileira. São vozes fortes, porém poucas, sendo necessário fortalecer a representatividade da agropecuária nas duas Casas do Congresso. Porque é para Brasília, sobretudo, que os produtores rurais têm os olhares voltados, pela necessidade de que leis importantes de interesse do campo sejam discutidas e aprovadas e o governo federal não perca de vista a economia agropecuária.

Durante muitos anos a agricultura e a pecuária vêm gerando empregos e dando sustentação econômica ao País, abastecendo-o com uma safra de grãos que chega a 100 milhões de toneladas anuais e que, afora atender ao mercado interno, robustece a pauta de exportações. Somam-se a ela a produção de carne bovina, suína e de frango e toda a gama de outros produtos do campo, que servem ao abastecimento da população nacional e para exportação, proporcionando superávits na balança comercial. O agronegócio vem respondendo, nos últimos dez anos, pela média de 40% do produto interno bruto, que no entanto geram pouca renda ao produtor, por uma série de fatores.

Em seus discursos, os presidenciáveis defendem a importância da agropecuária, mas essa pregação já é conhecida de outras campanhas, sem grandes resultados práticos. Por isso é fundamental mudar essa situação, através de uma bancada parlamentar atuante em defesa do produtor rural, que apresente propostas que eliminem as injustiças com o campo, barrando projetos que o prejudiquem exemplo agora o “equívoco” do governo ao introduzir na Medida Provisória 66 um artigo que, com base na tabela progressiva do Imposto de Renda, tributa em até 27,5% o agropecuarista no momento da venda de sua produção.

O eleitorado rural precisa unir-se na cruzada cívica do dia 6 de outubro, optando pelos candidatos que conhecem o meio rural e com ele convivem, e que tenham liderança para convencer os demais parlamentares a marcharem com eles nas votações de interesse da produção agrícola e pecuária. Há candidatos com esse perfil, só basta identificá-los. A conclamação aos ruralistas é para a consciência de fortalecer o conceito de classe agropecuária, forte e representativa, e, nestas eleições, que não desperdicem o voto.

São inumeráveis as medidas que precisam ser implementadas para segurar no campo os produtores pequenos, médios e grandes. Nada, porém, se obterá se não contarmos com parlamentares de expressão no Congresso Nacional e que tenham acesso às demais esferas do poder. O momento é agora. Só com uma bancada rural forte e atuante se poderá vislumbrar possibilidades de grandes reformas que a agricultura e a pecuária reclamam e que, por extensão, irão beneficiar toda a população, pois quando o campo vai bem tudo o mais irá bem.

Edson Neme Ruiz

é presidente da Sociedade Rural do Paraná.

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