Turbulências e perdas

Neste momento e até a eleições e a posse do novo presidente, não é preciso pintar o Brasil de cor-de-rosa, pois todos sabemos que, embora não esteja tão ruim como dizem alguns opositores, está longe da situação confortável que o governo FHC tenta exibir. Mas é preciso evitar declarações e debates que levem ao mercado mais insegurança e que consolide a idéia de que o nosso País é de elevado risco. E que os atuais resultados das pesquisas eleitorais apontam para a possibilidade de vitória de algum candidato cujas idéias e programas são contrários às expectativas do mercado.

Não estamos nos referindo apenas ao mercado interno, mas também ao internacional, financeiro e de capitais, que têm demonstrado insegurança e com isso provocado o aumento do risco-Brasil, quedas na bolsa, dificuldade de colocação de nossos títulos públicos e variações cambiais que elevam as cotações do dólar frente ao real. É preciso que os candidatos estejam conscientes de que o Brasil não pode prescindir do financiamento interno e externo da sua dívida pública. Também não pode prescindir de recursos de empréstimos para o setor privado e de aplicações na forma de capital, sob pena de cair em uma recessão, agravando problemas que já vivemos, como o desemprego.

Se algum candidato pensa que quanto pior, melhor, e que se a situação da economia e das finanças brasileiras se agravarem agora disso recolherão dividendos eleitorais, deve pensar no que virá com a sua vitória. No novo governo, a situação poderá ser insustentável. Assumirá talvez sem condições de fazer a rolagem da dívida pública e enfrentando índices de desemprego desesperadores e as demais conseqüências de um processo recessivo. Estará ameaçada a governabilidade.

Assim, a homogeneização do discurso para o mercado é necessária e deve ser feita na medida do possível, assegurando que nenhuma ruptura haverá das regras e contratos estabelecidos. Mudanças, isso se espera. E que sejam para melhor e no tempo devido. Nada assegura que atiçar as inseguranças, aumentando as turbulências, beneficia a este ou aquele candidato. De outro lado, é certo que prejudicará quem quer que seja o governante eleito.

Nesta hora, é preciso defender com unhas e dentes os interesses do País contra os especuladores, os intrometidos, os interesseiros e os desconfiados daqui e lá de fora. Negar-lhes razão, mostrando que este é um País capaz de cumprir com suas obrigações, seja com Lula, Serra ou outro eleito.

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