Tuma deixa escapar “boa vontade” em relação a Calheiros

O corregedor do Senado, senador Romeu Tuma (DEM-SP), negou nesta quinta-feira (31) a versão de que já teria tomado a decisão de inocentar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da suspeita de ter pago despesas pessoais com dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Ao fazer o desmentido, Tuma deixou escapar que tem boa vontade em relação a Renan: "Não quero condenar, quero absolver. Só quero ter a certeza de que, amanhã, ele não vai ser pego na primeira esquina", disse, em conversa com jornalistas.

Tuma informou que, na busca de esclarecimentos, ouvirá Gontijo na segunda-feira ou terça-feira próxima. Na última segunda-feira (28), em discurso de defesa, no Senado, Renan disse que Gontijo é seu amigo pessoal e que, de fato, este repassou, durante algum tempo, os valores a Mônica Veloso, mas afirmou que se tratava de recursos próprios (dele, Renan), retirados de suas contas bancárias, e não dinheiro do lobista.

"Quero saber se Renan passou dinheiro direto para a (conta de) Mônica Veloso, ou se passou para o lobista", disse Tuma, referindo-se aos pagamentos feitos no período anterior à data (21-12-2005) em que Renan reconheceu a paternidade da criança. Aparentemente, Renan não possui recibos desses pagamentos.

Tuma, que recebeu ontem das mãos do advogado de Renan documentos referentes a toda a movimentação bancária do senador entre 2003 e 2006, quer saber de Gontijo se Renan repassou a ele dinheiro vivo para o pagamento da pensão.

O corregedor fez a ressalva de que ainda não analisou em detalhes a documentação entregue pelo presidente do Senado. "Ainda não deu tempo." Tuma acrescentou que, nos extratos bancários de Renan, aparecem emissões de cheques e retiradas de dinheiro em valores que, segundo o corregedor, correspondem aos que Renan citou no discurso de segunda-feira passada. Na ocasião declarou que, antes do reconhecimento da paternidade, pagava o aluguel e uma pensão de R$ 8.000,00.

"Tem muita coisa (nos extratos bancários) de R$ 8.000,00. Se precisar, vou chamar o Banco Central e a Receita para comprovar a autenticidade desses documentos", disse o corregedor. Tuma fez porém, a ressalva de que não tem dúvidas de que Renan entregou documentos verdadeiros. Explicou que sua cautela é apenas para reforçar a autenticidade das provas aos integrantes do Conselho de Ética do Senado.

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