Tristeza que não se encerra

Termina um período desalentador para a política paranaense. Os últimos dias foram de desencanto para quem imagina a democracia com discussão, liberdade, crítica e defesa dos ideais com razão, ética e responsabilidade. Nada disso aconteceu no Paraná durante a semana. Muito pelo contrário: de forma arbitrária e truculenta, o governo estadual definiu pelo irmão do governador Roberto Requião (PMDB), o secretário da Educação Maurício Requião, para ser o novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

E quando definiu, decidiu. A gritaria dos poucos deputados de oposição não se fez ouvir, e, para piorar, muitos que se dizem contrários ao atual estado das coisas não resistiram ao ?canto da sereia? e simplesmente votaram a favor do ?primeiro-irmão? na votação de quarta-feira que foi praticamente simbólica, com 43 deputados favoráveis a Maurício Requião, e nove abstenções.

Certamente esta é a forma que o governador e seus áulicos acreditam ser a ideal para a democracia sem oposição forte, esmagando os adversários políticos e pressionando a imprensa que age com independência (até porque conta com uma mídia favorável). É assim em países como Equador e Venezuela, este o exemplo mais vivo na mente do inquilino do Palácio das Araucárias. Quando ele puder, tal como o populista Hugo Chávez, empastelar os rivais, o governador ficará feliz.

Mas é esta a forma de fazer política que os paranaenses julgam correta? O nosso Estado sempre foi modelo em tudo: educação, ecologia, respeito, produção, desenvolvimento e liberdade. Estamos na vanguarda, mas a política rasteira, do dia-a-dia, está na retaguarda brasileira. O contraponto democrático está escasso, o diálogo é impossível com os donos do poder.

Estes só aceitam os elogios, as loas de quem depende de cargos, salários e benesses do poder público. São os aliados mais realistas que o rei. Quem está distante desta realidade, e sofre com as necessidades do cotidiano, não entende como os governantes acham tudo lindo.

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