Trem bate no fim da linha em São Paulo: 101 feridos

São Paulo, 25 (AE) – Primeiro, foi o aviso do maquinista da chegada do trem à estação. Depois, a batida na parede do fundo da plataforma, gritaria e confusão. Centenas de passageiros que já estavam em pé, prontos para desembarcar, caíram por cima uns dos outros. O acidente aconteceu às 9 horas de hoje na Estação Brás, zona leste, com o trem da Linha F da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Pelo menos 101 pessoas se feriram, nenhuma de forma grave.

As hipóteses mais prováveis para o acidente são defeito nos freios ou falha humana, mas a CPTM só vai se pronunciar após a perícia. O trem estava em velocidade de parada – 5 quilômetros por hora. Mesmo assim a composição de 300 toneladas empurrou uma base de concreto que fica nos trilhos e destruiu o pára-choque da linha, também de concreto. O engate abriu um buraco na parede no fundo da plataforma.

Os feridos tiveram escoriações e foram socorridos pela segurança e pelo Corpo de Bombeiros, que enviou 14 carros à estação. As vítimas, algumas imobilizadas em macas, receberam atendimento nos Hospitais Municipal do Tatuapé e João 23 e na Santa Casa.

“Foi de repente e num tranco só. Fora o pânico e a gritaria”, contou o pesquisador João Pereira Freire Neto. Atendido no Tatuapé, o motoboy José Hamilton Ferreira Vaz, de 41 anos, parecia não acreditar no que tinha acontecido. “Estava indo para a Santa Casa. Há um mês, tive um acidente de moto e levei pontos nos braços e pernas. Hoje era dia de tirá-los. Olha o que aconteceu no caminho.”

TUMULTO – O camelô Django Pereira, de 29, disse que circularam boatos de que o maquinista – não identificado pela CPTM – falava ao celular na hora do choque. Revoltados, passageiros tentaram agredir o funcionário. Houve tumulto e seguranças tiveram de intervir.

O trem foi removido rapidamente e levado às oficinas da empresa, na Mooca. O tráfego na linha, usada diariamente por 110 mil passageiros, não chegou a ser prejudicado.

A companhia vai fazer uma perícia no trem e ouvir o maquinista na apuração das causas do acidente, que pode levar até um mês. “Como aviões, os trens têm uma caixa-preta que registra todos os procedimentos do maquinista”, disse o gerente da CPTM Sérgio Carvalho. “Vamos fazer teste de frenagem e aceleração e periciar todos os equipamentos.”

Carvalho disse que a CPTM vai prestar auxílio às vítimas. “Muitos perderam documentos, outros se machucaram. Se preciso, vamos à Justiça”, disse o autônomo José Luiz Santana, de 37.

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