Tratamento com cavalos ajuda portadores de necessidades especiais

ecoterra.jpgA equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo para ajudar pessoas portadoras de necessidades especiais na reabilitação de disfunções motoras, mentais e sensoriais. A relação do homem com o cavalo como terapia não é algo novo. Em 377 a.C., Hipócrates, o pai da Medicina, considerou a equitação como meio de regeneração da saúde. Em 1952, a dinamarquesa Liz Hartel superou as seqüelas de uma poliomielite e ganhou a medalha de prata em adestramento clássico nas Olimpíadas de Helsinque, na Finlândia. Com a vitória da atleta surgiram os primeiros centros de equoterapia na Europa e Estados Unidos.

Este tipo de terapia é indicado para pessoas com necessidades especiais motoras, sensoriais, intelectuais e educativas. ?Dentro destas necessidades existem diversas indicações. Na área motora são trabalhadas lesões neurológicas e medulares, congênitas ou não. Na área de deficiência intelectual, a própria deficiência intelectual ou algum transtorno evasivo.

A sensorial abrange deficiência visual e auditiva e, na área educativa, pode ser trabalhada a hiperatividade, a dificuldade no aprendizado e no comportamento de crianças em sala de aula, que são muito agitadas ou muito tímidas?, explica Fabiana Riskalla Teixeira, psicoterapeuta do Centro de Equoterapia Horse Place, que fica em Campo Magro, região metropolitana de Curitiba.

Marina* tem oito anos e pratica equoterapia no Centro Horse Place há quatro. Ela tem o lado esquerdo do corpo semiparalisado e, segundo a mãe, Everlin Dias, melhorou muito depois da terapia. ?Minha filha melhorou em tudo, na escola, com a família e no desenvolvimento dela?, disse ela.

O passo do cavalo faz com que o praticante movimente, ao mesmo tempo, várias
musculaturas, além de trabalhar sua auto-estima e esquema corporal. ?O movimento tridimensional do cavalo ? que é para cima, para baixo, para os lados, para frente e para trás ao mesmo tempo ?, solicita do praticante um trabalho de fortalecimento muscular, endireitamento postural, equilíbrio e coordenação motora. A parte emocional vem da relação com o animal, da troca afetiva e do manejo de eqüinos, que traz benefícios importantes na questão de higiene, auto-estima e percepção corporal?, conta a psicoterapeuta.

Como outras práticas terapêuticas, a equoterapia possui fases: ?A primeira fase é de ambientação, na qual observamos como o paciente chega perto do cavalo, se tem contato prévio ou não, trabalhamos muito a estimulação tátil. Também temos que envolver a família no processo de socialização, apresentar o ambiente do cavalo. Estimular a interação da família ajuda o paciente a ter mais confiança?, diz Fabiana. As fases podem variar dependendo da segurança do aluno e dos objetivos que o terapeuta e o praticante buscam. Depois da ambientação, é a vez da fase montada, na qual os pacientes realizam exercícios físicos de reabilitação e reeducação específicos. ?Na finalização das práticas, o aluno se despede do cavalo e ajuda a tirar a cela e a dar uma ducha, porque toda atividade deve ter seu início, meio e fim?, complementa.

A Associação Nacional de Equoterapia ? ANDE Brasil – atende uma média de 80  praticantes por semestre. O tratamento nesta instituição filantrópica começa com a hipoterapia, em que o praticante é apresentado ao cavalo e ao tratamento. A fase seguinte é chamada de reeducação. ?Nesta segunda fase, o praticante já compreende ordens simples, conduz o cavalo e faz exercícios. O próximo passo é o pré-esportivo, um nível mais avançado, voltado para o esporte?, explicou o Diretor do Centro Básico de Equoterapia General Carracho da ANDE, Vinícius Saccochi. O tratamento básico na ANDE pode durar no máximo trinta meses, devido às listas de espera por uma vaga na instituição. Ele alerta também sobre casos em que a equoterapia não é indicada. ?Casos de desvios de coluna que ultrapassem 30 graus, crises incontroladas de epilepsia, fobia de animais ou de altura, que levam o paciente a rejeitar as práticas, entre outros, são exemplos de patologias que não devem ser tratadas pela equoterapia?, alerta.

* nome fictício

www.ecoterrabrasil.com.br <http://www.ecoterrabrasil.com.br/> 

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