Tragédia inexplicável

O fato consternou e indignou os curitibanos. Na noite de segunda-feira, a auxiliar de enfermagem Tatiane Damiane, 41 anos, atirou a própria filha, de oito meses de idade, do sexto andar de um prédio no centro da capital do Paraná. A criança morreu na hora. Após confessar o crime bárbaro, foi presa e afirmou que faria tudo outra vez. ?Acho que sou esquizofrênica, não me apego mais às pessoas. Não me arrependo do que fiz?, disse, em entrevista.

O que leva alguém a cometer tal desatino? Não há justificativa para uma ação desta natureza. As explicações de Tatiane não servem – ela era mãe solteira, tinha dificuldades no cuidado da criança, dizia ser ?covarde e incompetente?. Tivera a filha em uma relação fortuita, com um paciente da clínica médica do Hospital de Clínicas, onde ela trabalhava.

Se ela não tivesse assassinado a filha, seria um caso clássico de depressão pós-parto, somado à tristeza de não constituir uma família completa. A auxiliar de enfermagem diz que tem problemas mentais, que já passou por tratamento psiquiátrico. Mas mesmo isto não explica, não justifica. Quantas mães e pais solteiros há em Curitiba, no Paraná, no Brasil, vivendo com honestidade e colocando seus filhos acima de qualquer coisa. Eles são exemplos para a sociedade, que em passado recente renegava-os, e hoje os vê como a prova de que o amor filial é a coisa mais bonita que existe.

Estes pais e mães também devem estar perplexos com a inexplicável tragédia protagonizada por Tatiane. Ela, agora, tornou-se a vilã, a mulher que catalisa os sentimentos de ira da população – quase foi linchada ao ser levada para o 1.º Distrito Policial, no centro de Curitiba.

Não podemos imaginar que somos capazes de fazer justiça com as próprias mãos. Tatiane Damiane será investigada, o caso terá todo o trâmite habitual mas, pela comoção causada, certamente correrá mais rápido e irá a julgamento. Culpada, tem que pagar pelo crime que cometeu. A todos nós, cabe acompanhar o caso, para que se chegue à decisão correta.

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