TJLP pode chegar a 7% ao ano, diz Mantega

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, defendeu hoje (22) novos cortes na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). "Podemos caminhar em direção a 7%, que estamos bem", comentou. Atualmente, a taxa está em 9% ao ano. "Todos sabemos que a mola mestra do crescimento é o investimento", disse Mantega, ao participar do seminário "Agenda Nacional de Desenvolvimento", promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Um dos aspectos fundamentais para que o investimento cresça, insistiu ele, é a queda no custo do financiamento. Isso seria possível com a continuidade nos cortes da TJLP, a taxa que remunera os empréstimos concedidos pelo BNDES ao setor produtivo Mantega lembrou que o banco já contribuiu para baratear suas linhas de financiamento ao reduzir os spreads (a diferença entre o custo de captação do banco e aquilo que ele cobra do cliente).

O novo nível da TJLP é o principal item da pauta da próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). Originalmente marcada para amanhã, a reunião foi adiada para o dia 30. De acordo com o Banco Central, a mudança foi decidida porque discussões técnicas de alguns assuntos não foram concluídas a tempo.

O nível da TJLP já provocou embates entre Mantega e o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy. O presidente do BNDES quer a taxa mais baixa para baratear os empréstimos para o setor privado investir no aumento da produção. O secretário do Tesouro acha que o nível da TJLP no curto prazo não influencia o nível de investimento, pois o empresário toma essas decisões olhando para as perspectivas da economia no longo prazo. Levy provocou forte reação de Mantega meses atrás, quando defendeu que a TJLP deveria oscilar junto com a Selic (atualmente em 16 5% ao ano).

Analistas de mercado ouvidos pela Agência Estado concordam com a avaliação de Mantega de que a TJLP poderia cair dos atuais 9% para 7% ao ano. "Com o risco Brasil em torno dos 230 pontos e a projeção de inflação em cerca de 4,5%, haveria espaço para a taxa recuar para a casa dos 7%", disse um analista

Por outro lado, o mercado dá razão a Levy quando questiona o subsídio dado aos empresários nas operações de empréstimos do BNDES. "O Tesouro Nacional vem conseguindo tomar emprestado do mercado pagando uma taxa de 9% ao ano, mais a variação do IPCA em operações de 5 anos (prazo semelhante aos das operações do BNDES)", disse outro analista de banco. Se a TJLP cair muito, haverá um diferencial de taxas (entre o BNDES e o Tesouro) que tornarão atraentes as operações de arbitragem. "O cliente do BNDES pode pegar o dinheiro emprestado a uma taxa baixa e aplicar os recursos em títulos do Tesouro Nacional, que têm uma rentabilidade muito maior que o custo da operação com o banco oficial", comentou.

O caminho mais correto, na visão de outro analista, seria o governo criar estímulos para que as empresas abrissem capital e se tornassem mais transparentes. "Desta forma, as empresas poderiam até tomar empréstimo no mercado internacional" disse este analista.

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