Testemunha e partícipe

O Estado do Paraná comemora hoje 56 anos de existência. Nasceu no dia 17 de julho de 1951 com vocação política, no governo do professor Bento Munhoz da Rocha Neto. Foi resultado de uma imposição das circunstâncias, pois à época digladiavam-se no nosso Estado dois grandes grupos políticos: o do antigo Partido Social Democrático, de Moisés Lupion, que por duas vezes ocupou as funções de governador do Estado, e o do Partido Republicano, de Bento Munhoz da Rocha Neto.

Havia, à época, um ferrenho debate ético. O governo era acusado de práticas antiéticas e, não obstante o poder e até mesmo a reconhecida simpatia pessoal de Lupion, sua queda foi inevitável. Pois este jornal nasceu para opor-se ao lupionismo e sustentar o governo comprovadamente íntegro de Bento, uma das figuras mais marcantes da história política paranaense. Grande orador, homem de extensa e profunda cultura, no Executivo e no Congresso Nacional foi motivo de orgulho para os paranaenses.

Foi essa vocação política, marcada no seu nascimento, que fez de O Estado do Paraná não só um testemunho, mas também um partícipe da história paranaense. Ao longo desses 56 anos de existência registrou e também participou dos fatos históricos que marcaram a política paranaense e brasileira. Atravessou o segundo governo de Lupion, dois de Ney Braga, de Algacir Guimarães, Paulo Cruz Pimentel, Haroldo Leon Peres, Pedro Parigot de Souza, Emílio Gomes, Jayme Canet Júnior, José Hosken de Novaes, José Richa, Alvaro Dias, as administrações bisadas de Jaime Lerner e Roberto Requião. Nesses governos entremeados por desgovernos, o de Paulo Pimentel teve seu lugar reservado na história, por ter sido o último eleito diretamente pelo povo, antes do golpe militar de 1964.

Pimentel adquiriu a Editora O Estado do Paraná, que também já publicava, desde 1957, o vespertino Tribuna do Paraná, e ampliou seu grupo de comunicações com um jornal no norte do Paraná, uma emissora de rádio (Rádio Iguaçu, fechada pelo regime militar) e uma rede de televisão, formada por quatro estações transmissoras. O papel de testemunho da história e dela partícipe, notadamente durante o período de exceção, custou ao já formatado Grupo Paulo Pimentel desencantos e perseguições. Manobras escudadas pelo regime de força, ou em nome dela praticadas, fizeram com que o grupo fosse desfalcado do jornal no norte do Estado e da emissora de rádio. E das suas televisões foi retirado o mais importante contrato de retransmissão de programas nacionais.

Mas O Estado do Paraná e o grupo de órgãos de divulgação ao qual pertence sobreviveram, graças à constância de seu trabalho jornalístico. E de sua vocação política levada avante com denodo por Paulo Pimentel. Trabalho feito com teimosia e que prossegue, a despeito de eventuais incompreensões e inevitáveis embates. Ao chegar aos 56 anos de existência, este jornal, ao contrário das pessoas, não está adentrando à terceira idade. Sua equipe renova-se naturalmente. Renovado também tecnologicamente, o jornal caminha para a interação entre a notícia impressa e a que se espalha pelo mundo via o milagre da internet. O ?site? www.parana-online.com.br vem se aperfeiçoando e dando eco às notícias e opiniões do jornal. Jornal que ao longo de mais de meio século nunca fugiu das batalhas nem se eximiu da obrigação de informar ao seu público, os paranaenses.

O jornalismo honesto, para nós, era e continua sendo o compromisso com os seus leitores e com a defesa intransigente dos interesses da sociedade onde labuta. Compromisso que continuaremos hon-rando, pois sabemos que se o rompermos teremos renunciado à vocação de participação política que marcou o nosso nascimento. E renunciado ao verdadeiro jornalismo, que é a alma de tudo o que em O Estado do Paraná é mais caro.

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