Teixeira nega conhecer venda de ingressos da Copa

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, disse desconhecer detalhes da venda dos ingressos para a Copa do Mundo da Alemanha, durante o interrogatório feito pela juíza da 14ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, Maria Sandra Rocha Kayat, hoje à tarde. O outro réu no processo, o dono da Planeta Brasil – operadora que comercializou as entradas no País -, Wagner Abrahão, frisou que o Comitê Organizador da competição impediu os tíquetes de serem vendidos isoladamente, sem a aquisição de pelo menos um pacote de hospedagem.

"Como presidente da CBF, não sou ligado a esse assunto. Sou ligado ao macro desse assunto. Não sei detalhes", disse Teixeira ao explicar que não privilegiou a Planeta Brasil quando a indicou para ser a operadora responsável pela comercialização das entradas, além de desconhecer os critérios de venda. "Ela foi a única que nos procurou com a intenção de vender os ingressos. E quem escolhe a maneira como será feito é o Comitê Organizador da Copa do Mundo."

Teixeira e Abrahão foram denunciados pelo Ministério Público por crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo da Lei nº 8137/90 do Código Penal, art. 4º incisos II alíneas "a" e "c" e artigo 5.º inciso II – elevar sem justa causa o preço dos ingressos e venda casada das entradas. As penas previstas para cada infração são 2 a 5 anos de prisão ou o pagamento de multa.

Durante o interrogatório, Teixeira afirmou que a CBF não obteve lucro com a venda dos ingressos e salientou que a Planeta Brasil sob a marca fantasia Stella Barros Turismo, já prestava serviços à entidade antes de ele assumir o cargo de mandatário, em 1989. Mas a relação estreita entre a CBF e a Planeta Brasil foi evidente quando Teixeira admitiu ser ela a responsável pela organização das viagens da seleção. "Ela providencia a parte turística da seleção, como a marcação de passagens e hotéis", contou.

O presidente da Planeta Brasil, marca criada em 1998, informou que com o objetivo de atender melhor à CBF foi criada uma operadora exclusiva, a Pallas. No entanto, Abrahão negou qualquer tipo de favorecimento ao lembrar que começou a trabalhar oficialmente com a entidade em 1979, quando era somente um executivo da Stella Barros Turismo.

"O desejo do Comitê Organizador da Alemanha era o de que o torcedor fosse para lá com o ingresso mais um pacote de serviços principalmente hospedagem. Eu até podia vender o ingresso separado, sem as passagens aéreas, mas precisava incluir a parte terrestre", justificou o presidente da Planeta Brasil.

Sobre a acusação de ter aumentado o valor das entradas para elevar os lucros, Abrahão foi enfático; "é normal acontecer um aumento em dezembro do ano anterior à Copa, porque ocorreu o sorteio das chaves da disputa e o preço dos hotéis disparam".

A Agência Estado assistiu com exclusividade ao depoimento do presidente da CBF. O advogado de Teixeira, José Mauro Couto, tentou evitar que a audiência, pública, fosse acompanhada pela reportagem, intenção rechaçada pela juíza da 14ª Vara Criminal. Ao final, o dirigente deixou o local por uma saída reservada.

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