Tarifa de energia sobe muito acima da inflação

Rio (AE) – As tarifas de energia elétrica subiram em ritmo quase quatro vezes superior à inflação média para o consumidor nos primeiros quatro meses do ano, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo a Aneel, a tarifa média em abril no País era de R$ 217,02 por megawatt/hora (MW/h), enquanto no ano passado a média nacional ficou em R$ 197 35. O aumento acumulado atingiu 9,97%, ante os 2,68% registrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge) para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). As tarifas divulgadas pela Aneel não incluem impostos.

Desde o final do ano passado, a Aneel vem reduzindo o que os técnicos chamam de "subsídio cruzado", em que as tarifas mais elevadas vinham sendo suportadas pelos consumidores residenciais. Este ano, o órgão regulador fez um forte aumento para o grupo de "consumo próprio" e têm concedido reajustes maiores para as indústrias e o comércio, enquanto os reajustes para o consumidor residencial têm sido mais moderados, embora ainda acima da inflação média.

A tarifa para o consumo próprio subiu para R$ 240,79, o que indica aumento de 68,30% no período. A tarifa do consumidor residencial, porém, continua a mais elevada, situando-se em torno de R$ 281,79 por MW/h. O aumento em relação a dezembro foi de 4,18%, o que é uma vez e meia os 2,6% do IPCA No caso do setor industrial, a tarifa média nacional ficou em R$ 156,82 por MW/h, com aumento de 13,82% no período. Para o comércio, o preço médio da tarifa atingiu R$ 245,00, com aumento de 2,73% sobre dezembro. A iluminação pública mantém a menor tarifa entre os oito grupos definidos pela Aneel (R$ 153,16), seguido pela tarifa do setor rural (R$ 155,68). O poder público, por sua vez, paga R$ 257,23 por MW/h. No mercado atacadista, as tarifas voltaram a subir e já acumulam aumento de 45,28% este mês.

Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), onde os contratos entre as geradoras e os grandes consumidores são registrados, a tarifa média atingiu R$ 35,42 por MW/h nos submercados do Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte para os negócios a serem fechados na semana que vem. Na região Nordeste, os preços se mantiveram em R$ 18,33 por MW/h para os três horários (pesada, média e leve), sinalizando que os reservatórios da região continuam em situação confortável. O atual nível de preços no Sudeste e Sul é quase o dobro do registrado em igual período do ano passado, o que aponta para um quadro menos tranqüilo para os próximos dois anos, em termos de oferta de energia elétrica. Em meados de julho do ano passado, o preço médio no mercado atacadista nessas regiões oscilou em torno de R$ 17,98 por MW/h.

Os reservatórios das grandes hidrelétricas continuam em níveis confortáveis, conforme acompanhamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Na Região Sul, os reservatórios estão com 89,72% da capacidade, o que indica uma folga de 60,82 pontos porcentuais em relação à curva de aversão ao risco, fixada em 28,90% para esta época do ano. No caso do Sudeste, os reservatórios começam a perder água e estão com 80 76% da capacidade, o que dá folga de 30,01 pontos porcentuais em relação à curva de aversão ao risco, estabelecida em 50,74%. O sistema de curva de aversão ao risco foi fixado pelo governo após o racionamento de energia elétrica de 2001 e sinaliza quando o ONS poderá lançar mão de usinas com tarifas mais caras, inclusive as térmicas, para a geração de energia.

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