Suplicy diz que defenderá Palocci até prova em contrário

Com o recuo de boa parte da bancada governista, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é hoje um dos poucos petistas empenhado em provar a inocência do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na CPI dos Bingos. A tarefa não é fácil. Trata-se de rebater acusações de superfaturamento de até 1000% à época em que era prefeito de Ribeirão Preto e suspeitas de que tenha participado de arrecadação irregular de fundos para o PT na última campanha presidencial.

Suplicy disse esperar que Palocci se defenda não apenas com palavras, como tem feito o presidente Lula, mas também com documentos capazes de esvaziar as acusações. É com base nessa expectativa que ele afirma que continuará defendendo-o. Se as suas expectativas falharem e o ministro tiver de deixar o cargo, o senador acha que, a exemplo do que ocorre no futebol, com condições de formar "várias seleções", a economia brasileira é movida por pessoas talentosas capazes de substituir Palocci sem causar traumas nas finanças públicas.

AGÊNCIA ESTADO – O senhor acredita que o ministro Palocci conseguirá se defender no plenário, no dia 22, ou é melhor ele comparecer logo à CPI dos Bingos?

EDUARDO SUPLICY – Em vista dos novos fatos que foram levantados pela CPI dos Bingos e que estão a demandar esclarecimentos por parte do ministro, é natural que haja a vontade dos senadores em ouvi-lo. Mas acertamos na CPI que na medida que o ministro responder às perguntas relevantes, estará preenchida a necessidade de seu comparecimento às CPIs.

AE – O senhor tem conversado com o ministro, é verdade que ele deixará o cargo se tiver de comparecer à CPI?

SUPLICY – Eu não acredito, não conversei com ele a respeito. O ministro Palocci sabe hoje que chegou uma documentação importante na CPI, levantada pelo Ministério Público e pela Câmara de Ribeirão Preto, que poderá ser objeto de argüição por parte dos senadores. É, portanto, importante que ele esteja bem preparado para esclarecer toda a qualquer pergunta, inclusive com documentos na mão.

AE – Até que ponto o senhor vai manter a postura de defender o ministro?

SUPLICY – Estarei defendendo o ministro Palocci enquanto tiver a convicção que ele agiu com probidade. Se me for comprovado um procedimento incorreto, aí é outra coisa. Eu tenho com o ministro uma relação muito boa, de confiança mútua. Se um dia eu cometer um erro grave e isso estiver exposto à opinião pública, minha expectativa é que o ministro diga. "Eduardo, você errou". E neste ponto (com relação a Palocci), tenho de ser crítico da situação e defender as conseqüências devidas.

AE – O senhor chama de "conseqüências devidas" a saída do ministro do cargo?

SUPLICY – Se houver um erro grave, não há dúvida.

AE – O que o senhor achou dos depoimentos à CPI dos Bingos dos dois ex-assessores do ministro, Rogério Buratti e Vladimir Poleto?

SUPLICY – Eu fiquei preocupado com o que foi relatado por eles na CPI, pois ambos contaram procedimentos que sabiam não serem de probidade. Como até hoje nunca ouvi o ministro Palocci falar de procedimentos que não sejam os mais corretos, eu tendo a dar a ele o benefício da dúvida, até que eu possa obter os esclarecimentos e dar aos senadores e à opinião pública a oportunidade de saber o que se passou.

AE – Se as expectativas do senhor não se confirmarem e o ministro tiver que deixar o cargo, o senhor teme pela economia brasileira?

SUPLICY – Felizmente o Brasil tem extraordinários jogadores de futebol que podem fazer diversas seleções brasileiras serem campeãs do mundo. Assim como tem pessoas para conduzirem a economia do País. O próprio ministro Palocci sabe disso.

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