Sucesso nos EUA, filme “300” irrita iranianos

Ele pode ser um sucesso de bilheteria nos Estados Unidos, mas o filme "300" irritou muitos iranianos, que dizem que a história de ação baseada num combate entre gregos e persas é um insulto à sua cultura ancestral e busca aumentar a atual animosidade no Ocidente contra o Irã. "Hollywood declara guerra aos iranianos", foi a manchete de hoje do jornal independente Ayende-No.

O filme, que arrecadou US$ 70 milhões no fim de semana de sua estréia nos EUA, é baseado numa versão fantasiosa em história em quadrinhos da Batalha das Termópilas, no ano 480 a.C, na qual uma força de 300 espartanos resiste por três dias a um ataque do numeroso exército persa numa passagem de uma montanha. O imperador da Pérsia na época, Xerxes, é interpretado no filme pelo brasileiro Rodrigo Santoro. O filme é dirigido por Zack Snyder.

Mesmo alguns críticos americanos destacaram o tom político de "Ocidente contra o Irã" do roteiro – com os persas sendo mostrados como decadentes, promíscuos e malignos, em contraste com os nobres gregos. No Irã, o filme provavelmente nunca será exibido, dadas as restrições impostas pelo governo a filmes ocidentais no geral. Ainda assim, ele tocou um nervo exposto. "Os EUA sempre tentam humilhar a nação do Irã e sua rica identidade", afirmou à agência estatal de notícias Javad Shamghadri, assessor cultural do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad.

"Ao produzirem tais filmes, os EUA invertem a realidade histórica e tentam compensar suas injustiças a fim de provocar os soldados americanos e os que defendem uma guerra" contra o Irã, acrescentou. "Os EUA vêem o Irã como o principal obstáculo no seu caminho de arrogância e imperialismo. Eles usam qualquer alavanca para remover o obstáculo".

O filme foi lançado no momento em que aumentam as tensões entre os EUA e o Irã devido ao programa nuclear da nação persa e à instabilidade no Iraque. Mas além da política, o filme foi visto como um ataque à história persa, uma fonte de orgulho para os iranianos de todo espectro político, incluindo críticos do atual regime islâmico.

A tevê estatal divulgou diversos comentários nos últimos dois dias afirmando que o filme é um insulto e incorre em vários erros históricos. "O filme descreve os iranianos como demônios, sem cultura, sentimentos e humanidade, que só pensa em atacar outras nações e matar pessoas", escreveu hoje o Ayende-No. "Trata-se de um novo esforço para caluniar o povo e a civilização iranianos e no momento em que aumentam as ameaças americanas contra o Irã", continuou.

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