Substância natural dá saúde a ovinos

O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, desenvolve um projeto de pesquisa, com recursos próprios e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para o controle do verme haemonchus em ovinos, a partir da mistura de extrato de acácia. A casca da árvore contém tanino, um composto que, entre outros, protege a raiz da planta e dá o gosto adstringente ?amarra a boca?, numa linguagem popular para frutas, como o caqui. O tanino também está presente no vinho tinto, já que a casca da uva contém esse composto, que é anticancerígeno para o ser humano.

Segundo o pesquisador do Iapar Alessandro Minho, o haemonchus vive no estômago dos ovinos é o principal responsável por morte ou ganho de peso inadequado dos animais. ?Como esse verme é hematófago, em uma grande infestação, o cordeiro pode perder 40 mililitros de sangue por dia, um volume significativo para um ruminante de pequeno porte?, alerta o pesquisador. Ele também afirma que há animais, em todo o mundo, que possuem vermes resistentes aos produtos químicos usados para controle, o que torna ainda mais importante pesquisas que busquem redução para esse problema. Minho salienta que a resistência dos vermes ao medicamento se dá por dois fatores, primeiro, porque as mesmas substâncias químicas são usadas desde as décadas de 1970 e 1980; segundo, porque alguns criadores usam o medicamente de forma indiscriminada, fortalecendo os parasitas.

Pasto

As pesquisas mostraram que o uso do tanino diminuiu significativamente o número de ovos de vermes nas fezes dos animais, o que contribuiu na diminuição da contaminação das pastagens. ?Se o pasto está menos contaminado, o ovino não vai precisar, ou vai usar menos remédio de controle dos vermes?, afirma o cientista. De acordo com ele, a redução é de 20% a 80% na quantidade de ovos, conforme o tempo de ingestão, a faixa etária do animal e o tipo de verme.

?Grande parte desses ovos que não morreram no início do tratamento com o extrato de acácia, que contém o tanino, se tornou infértil, com isso o número de larvas infectantes é drasticamente menor?, reforça o pesquisador. Além disso, dos ovos que conseguiram se transformar em larva de haemonchus, o tanino afetou a larva que sobreviveu, ou seja, o verme não produziu infecção. Ele também afirma que além da vantagem econômica, pelo menor gasto com remédios, o uso do tanino possibilita a criação de carne orgânica, não deixa resíduos de remédios na carne, e ajuda o produtor cujo rebanho já criou resistência aos medicamentos.

Minho, no entanto, avisa que não é possível usar o tanino como medicamento para matar os vermes adultos que estão no cordeiro. ?Em algumas pesquisas o resultado foi bom, em outras, não, por isso precisamos continuar pesquisando para obter dados mais concretos?. Por conta disso, o pesquisador alerta para a necessidade do medicamento tradicional quando há infestação significativa.

O pesquisador vai começar outro experimento, dessa vez em uma propriedade próxima de Londrina, em breve. Ele vai testar a eficácia do tanino com um rebanho de ovelhas prenhas, a faixa etária que mais contamina a pastagem, porque elas ficam com imunidade baixa contra parasitas internos ou vermes. ?A idéia é avaliar quanto diminui a contaminação das pastagens pelas ovelhas. Com isso o produtor poderá fazer um controle mais eficaz da infecção do rebanho?, explica o pesquisador.

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