Stédile quer verba federal para ONGs de reforma agrária

O coordenador nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, defendeu hoje o repasse de verbas do governo federal para entidades ligadas às organizações de luta pela reforma agrária. Em visita a Belo Horizonte, Stédile se irritou com os jornalistas, que lhe cobraram um posicionamento diante da informação de que a Associação Nacional de Apoio à Reforma Agrária (Anara), fundada e comandada por líderes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) – responsável pelos atos de vandalismo na Câmara dos Deputados nesta semana – recebeu, de 1999 a 2006, R$ 5,7 milhões, sendo R$ 5,6 milhões durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O líder do MST argumentou que as organizações não-governamentais (ONGs) recebem recursos federais para realizar serviços sociais e de infra-estrutura nos assentamentos. Segundo ele, tais entidades "estão fazendo um serviço público necessário", assumindo uma "obrigação do Estado".

A uma repórter de rádio, Stédile cobrou uma pergunta sobre o destino dos "R$ 120 bilhões de juros que o governo Lula paga" aos bancos. "Vai para as contas dessa burguesia nojenta do Brasil gastar em viagem a Miami para comprar apartamento novo", respondeu em seguida. Segundo ele, enquanto um novo modelo de desenvolvimento, "que recupere o verdadeiro papel do Estado", não for implementado no Brasil, os convênios entre as entidades e o governo precisam ser mantidos.

"O Estado, depois dos oito anos do Fernando Henrique, foi dilapidado", acusou. "O Estado brasileiro está financiando a burguesia. O Banco Central, através das altas (taxas) de juros, está financiando uma concentração de renda. Então, o que nós temos de debater não é ‘conveninho’, o que nós temos de debater é um novo projeto para o Brasil".

Stédile disse que não falaria sobre a relação do MLST com a Anara, mas confirmou que várias ONGs dão apoio ao MST e firmam convênios com o governo federal para tornar viáveis "serviços públicos" em acampamentos e assentamentos do movimento. "Tanto é que o MST nem tem conta bancária, não tem caixa".

Provocadores 

Embora tenha reiterado que a ação do MLST no Congresso foi realizada num momento inadequado – pois os "inimigos principais da reforma agrária hoje são os bancos, os latifúndios, as grandes empresas transnacionais" -, o líder sem-terra ressaltou que está convencido que haviam "provocadores" infiltrados entre os militantes. Chegou a dizer que as "forças policiais" são "treinadas para isso".

"Elas infiltram provocadores, que agem com violência, com radicalismo, quebram vidro para criar um tumulto. E no meio da massa, quando gera um tumulto, aí é incontrolável", afirmou.

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