Software ensina a tratar lixo urbano

A Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social está colocando à disposição das prefeituras e entidades sociais um software que ensina a tratar com o lixo das cidades, contribuindo para a diminuição dos poluentes e na geração de renda para as famílias mais pobres. “Estamos diante de um problema real, o lixo, que acompanho há muitos anos. Sempre me preocupei com seu crescimento e acreditei ser preciso fazer alguma coisa. Agora, podemos contar com um serviço qualificado de gerenciamento dos resíduos sólidos no Paraná para enfrentar esse inimigo da natureza e da humanidade”, defende o secretário Padre Roque Zimmermann.

Esse software ecológico, denominado “Verdes” (Viabilidade Econômica da Reciclagem dos Resíduos Sólidos), foi produzido pelo professor e doutorando na área de Sociologia da Universidade de Campinas (Unicamp), Márcio Magera, e apresentado em Curitiba na última quinta-feira. É um programa de computador que mostra resultados práticos tanto para quem procura soluções para a destinação do lixo (prefeituras), na geração de renda (pessoas na coleta e seleção) e negócios (cooperativas, empresas e indústrias de transformação).

O software ecológico “Verdes” revela que uma tonelada de lixo (inorgânico, para os cinco tipos pesquisados) rende de R$ 300 a R$ 400. No Paraná, com perto dez milhões de habitantes, 90 mil pessoas poderiam se beneficiar com a reciclagem do lixo. Isso sem considerar os orgânicos, que podem ser transformados em adubos. “Ao mesmo tempo em que buscaremos trabalho e renda para pessoas sem qualificação profissional, damos solução para um outro problema em todos os lugares, os aterros sanitários”, anima-se Padre Roque.

Agilidade

Com o preenchimento de apenas um dado – o número da população de uma cidade, por exemplo – o software dá todas as informações necessárias para os interessados nas diversas etapas da transformação do lixo, no caso dos inorgânicos (secos) e especificamente para cinco tipos: latas de alumínio, latas de aço, plásticos, vidros e papéis e papelões. O trabalho refere-se especificamente a resíduos urbanos. “Com o software ‘Verdes’ se faz economia de tempo e dinheiro. Até uma dona de casa pode usá-lo, sem a necessidade de conhecimentos ecológicos ou econômicos. Ele traz tudo, até um glossário com definições dos principais termos utilizados”, divulga Márcio.

Com o número de habitantes de uma cidade é possível calcular a quantidade de lixo urbano produzido pela população, o número de pessoas que podem ser empregadas na coleta e separação, de associados de uma cooperativa de trabalhadores, o preço médio de cada tipo (latas e de alumínio e aço, vidros, plásticos e papéis e papelões) para venda, a renda média por pessoa, o lucro das empresas e valores de investimentos, além de outras informações quanto às vantagens da reciclagem, como a economia em energia e matéria-prima.

Na apresentação, o professor Márcio Magera citou também o exemplo de uma cooperativa da cidade de Paulínia, no interior de São Paulo, de 60 mil habitantes, onde apenas um quarto dos resíduos sólidos é separado. São 37 cooperados e cada um retira mais de R$ 400 por mês, além de todos os benefícios sociais (INSS, férias, 13.º, convênios, refeições). “Só por tirar as pessoas da rua e aumentar o tempo de uso dos aterros, um dos objetivos de nosso trabalho, já me sinto feliz”, orgulha-se Magera.

No Brasil, 52% dos resíduos sólidos produzidos são orgânicos, 35% inorgânicos e 13% inaproveitáveis. Os inorgânicos são compostos 61% de lixo industrial – a construção civil é a grande vilã; 28%, doméstico; e 11%, hospitalares e escritórios. A classificação é variável de acordo com o nível de desenvolvimento de cada país. No Brasil, há 25 anos, 60% eram orgânicos. Nos Estados Unidos e Europa Ocidental, os orgânicos estão abaixo de 30%.

Voltar ao topo