Sócio da Ipiranga afirma não temer veto do Cade

Rio de Janeiro – A família de Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira é sócia há quase 70 anos do mais antigo grupo de distribuição de combustíveis do país, o Ipiranga. Atualmente na presidência da Federação das Industrias do Rio de Janeiro (Firjan), Vieira não acredita que a operação seja vetada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

?O Brasil precisa de companhias robustas e grandes. E quanto maiores melhores?, avaliou. Vieira frisou que ?em qualquer lugar do mundo há concentração, desde que essa concentração não prejudique o consumidor?. Um consórcio formado pela estatal Petrobras e pelos grupos privados brasileiros Braskem e Ultra anunciou nesta segunda-feira (19) a compra do Ipiranga. O negócio terá valor total avaliado em torno de U$ 4 bilhões, que será pago em ações e dinheiro pelos compradores.

Pioneiro na indústria petroquímica brasileira, o grupo Ipiranga enfrentava dificuldades de crescer para buscar maior competitividade. ?Senão no longo prazo, nós poderíamos entrar num processo de fraqueza econômica no grupo?, disse Gouvêa Vieira. Com esse objetivo, foi contratado o Banco Pátria para ajudar a companhia em sua reestruturação.

Como competia com empresas integradas que exploram jazidas e demandam grandes investimentos, a  opção que se abria para o grupo Ipiranga era o redesenho estrutural para buscar robustez, informou Vieira.

A proposta  da Petrobras surpreendeu as cinco famílias sócias do grupo Ipiranga, segundo ele. Os herdeiros dos fundadores da empresa, constituídos por cerca de 60 a 70 pessoas da terceira geração das famílias, tiveram 48 horas para  analisar e aprovar a proposta. ?Foi uma oferta irrecusável?, frisou Gouvêa Vieira.

Ele afirmou que, "além da oferta econômica", foi levado em consideração o fato de serem três empresas brasileiras que estavam interessadas na compra. "Reforça todo o ideal dos sócios fundadores da companhia há 70 anos que sempre apostaram no Brasil?.

A venda foi feita pelo sistema de ?porteira fechada?, ou seja, envolve todos os ativos do grupo Ipiranga mais as ações em poder dos acionistas,  que serão pagas em dinheiro,  sem que fosse realizada nenhuma auditoria. Gouveia Vieira definiu que ?para nós, é um recibo de bom comportamento, de seriedade, de correção. É uma companhia que não tem esqueletos, não tem nada escondido, sempre trabalhou com uma transparência muito forte?.

Ele afirmou, por outro lado, que essa foi a primeira proposta formulada pela Petrobrás para compra do grupo Ipiranga, contestando informações da mídia que alegavam que uma oferta anterior havia sido  feita pela estatal brasileira junto com a Repsol. ?Nunca houve proposta de ninguém?, assegurou o presidente da Firjan, admitindo também que a participação dos acionistas controladores não  é  exatamente na mesma proporção. Ele não, entretanto,  quis dar pormenores a respeito.

Para os consumidores brasileiros, a venda do grupo Ipiranga  também representa vantagens, salientou Gouvêa Vieira. ?É a vantagem das empresas maiores. Quanto maior uma empresa, ela adquire capacidade de competitividade para competir  e para ganhar mercado. Só ganha mercado  se oferecer melhores condições ao consumidor. Então, se eu quero crescer,  eu tenho que tratar bem os consumidores. A musculatura, a robustez de  uma companhia,é traduzida em condições melhores e, portanto, benefícios ao consumidor?, destacou.

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