Sociedade deve pressionar por compromissos da Rio+10

A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável foi encerrada hoje com um apelo do presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, para que a sociedade civil pressione os governos a cumprir os compromissos assumidos em Johannesburgo. Delegados do Brasil e de outros países procuravam demonstrar por que a cúpula não foi um fracasso, apesar das expectativas frustradas.

?Estamos encarando os compromissos que fizemos aqui com muita seriedade?, disse Mbeki, em entrevista coletiva à noite, na qual a resistência dos países desenvolvidos em geral e dos Estados Unidos em particular em assumir compromissos com metas foi o tema principal. Além do descumprimento do que foi acertado na Rio92, há dez anos.

Segundo Mbeki, que presidiu as sessões plenárias dos 109 chefes de Estado e de governo, as Nações Unidas precisam criar mecanismos para ?garantir que os países façam o que concordaram em fazer?. O presidente pediu às organizações não governamentais (Ongs) que, ?mesmo desapontadas, pressionem pela implementação? das metas adotadas. ?É preciso mudar a atmosfera nos países cujos governos possam estar recalcitrantes?, disse o presidente sul-africano.

Em resposta à pergunta de um jornalista brasileiro, ele disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso ?poderá mostrar no Brasil o que foi adotado em relação à energia e aos povos indígenas, que são tema tão importante para o País?. O Brasil defendia a adoção de meta global de 10% de uso de fontes renováveis de energia até 2010. O documento fala apenas no interesse em aumentar o uso dessas energias, mas diz isso também em relação à melhora das tecnologias para combustíveis fósseis, para a indignação dos ambientalistas.

?Entre recomendar os combustíveis fósseis e nada, eu preferiria não ter nada?, disse Rubens Born, coordenador da delegação do Fórum Brasileiro das ONGs. ?As decisões aqui são tomadas por consenso?, rebate Maria Luiza Viotti, da embaixada do Brasil na ONU. ?Caso se resolvesse por votação, teríamos ganho facilmente. Portanto, não aceito que se fale em derrota do Brasil.? 

Dos 190 países representados na cúpula, opuseram-se explicitamente à iniciativa brasileira os Estados Unidos, Japão, Austrália, Índia, China e os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com exceção da Venezuela. A proposta de meta global de fontes renováveis teve o apoio dos 33 países da América Latina e Caribe, dos 15 integrantes da União Européia e mais a Noruega e a Suíça, dos Estados insulares, que são mais de 40, do Leste Europeu e de quase todos os africanos.

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