Setor de autopeças vai pedir benefícios ao governo

Fabricantes de autopeças vão entregar, nos próximos dias, plano detalhado à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, com propostas para o crescimento sustentável do mercado de veículos. A lista inclui benefícios tributários, como isenção de Imposto de Renda para lucros extras revertidos em novos investimentos.

Há uma semana, executivos das 30 maiores empresas de autopeças do País se reuniram com a ministra em São Paulo e apresentaram as reivindicações. Segundo Flávio Del Soldato, diretor do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Dilma solicitou detalhes de cada proposta e formas de adotá-las.

Dilma apresentou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) aos empresários. ?Nós também apresentamos o PAC do setor automotivo?, disse Soldato. Em meados de abril será a vez das montadoras levarem seus pedidos ao governo.

Cálculos das empresas indicam que, para cada 1% de redução nos preços dos carros, as vendas aumentam em 2%. O crescimento do mercado evitaria, portanto, queda de arrecadação de impostos, o maior receio da Receita Federal.

Apesar dos recordes seguidos nas vendas, o setor insiste na necessidade de medidas para manter o ritmo de crescimento, principalmente para fazer frente à competitividade dos fabricantes asiáticos e á queda nas exportações por causa do real valorizado.

Na lista do Sindipeças estão a ampliação de prazos para pagamento de impostos, isenção de IR para lucros incrementais reinvestidos, transferência de impostos da compra para o uso do automóvel e ampliação e facilidades de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para pequenas empresas.

Também há uma proposta de utilização de recursos da venda de créditos de carbono provenientes da redução de emissões por parte de carros flex (que usam mais álcool que gasolina) num programa de renovação da frota de veículos velhos, que são mais poluentes.

?O meio ambiente hoje é mais chamativo que o argumento de crescimento de mercado por conta da competitividade?, disse Soldato, que também preside a Usiparts. Ele participou em São Paulo de evento que discutiu os gargalos que a indústria pode enfrentar se não investir em ampliação e modernização dos parques produtivos.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) não dá detalhes do plano que entregará ao governo, mas há várias medidas similares às do Sindipeças.

Há poucos dias, o presidente Lula criticou a indústria automobilística que, segundo ele, todo início de ano reclama que perde dinheiro no Brasil e, depois, anuncia recordes de produção. ?Somos uma indústria com 650 fábricas em 10 Estados, 300 mil empregados diretos e mais de um milhão indiretos e lideramos a pauta de exportações?, rebateu Soldato.

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