Seqüestro de repórter em nada altera ajuda federal a São Paulo

O governo federal não planeja ampliar, por enquanto, o auxílio acertado com o governo de São Paulo por causa das últimas ações do Primeiro Comando da Capital (PCC), entre as quais o seqüestro de uma equipe de reportagem da TV Globo no final de semana. Em longa audiência nesta segunda-feira (14) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos afirmou que o conjunto de medidas em curso, fruto da cooperação entre os dois governos, será suficiente para conter a onda de violência do PCC que já dura três meses.

Lula está particularmente preocupado com os estragos que a crise de segurança podem trazer à sua campanha eleitoral, já que o eleitorado identifica a co-responsabilidade federal com o problema. No encontro, Bastos explicou ao presidente que as medidas começam a dar resultados e o seqüestro é muito mais uma "manifestação de derrota" do que de força do PCC.

"Foi um gesto de desespero que só demonstra que estamos no caminho certo", afirmou o ministro, conforme o relato de um assessor que teve acesso à reunião. Lula insistiu, todavia, que seja mantida de pé a oferta do envio de 10 mil homens do Exército para auxiliar os órgãos de segurança de São Paulo, caso a situação volte a recrudescer.

Esta é a terceira reunião que Lula mantém com o ministro desde o seqüestro, sábado, dos dois funcionários da Globo, o repórter Guilherme Portanova, libertado na madrugada desta segunda-feira (14), e o auxiliar técnico Alexandre Coelho Calado, solto no mesmo dia da captura

Encontro com Lembo – O acerto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, para reforçar a ação conjunta contra o crime organizado foi feito na sexta-feira, dia anterior ao seqüestro. Nesta segunda-feira a presidência da República divulgou nota sobre a reunião. "A sociedade pode estar certa de que o Estado brasileiro não se deixará intimidar pela ação dos criminosos", afirma a nota. "As forças da lei não recuarão até que a paz e a tranqüilidade sejam restabelecidas por completo. Essa é a obrigação constitucional do Estado e dela não pode e não vai abrir mão".

O comunicado, assinado pelo porta-voz da Presidência, Andre Singer, destaca que o combate à criminalidade não deve ser objeto de disputa política e assegura que o presidente Lula, como chefe de estado e de governo, que tem responsabilidades no combate ao crime, "não entrará em discussões que visam tirar proveito eleitoral das graves circunstâncias pelas quais passa a população paulista".

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