Senadores da oposição preparam ofensiva para convocar ex-presidente Caixa

Senadores da oposição preparam uma ofensiva para aprovar, na terça-feira (04), o requerimento do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) convocando para depor o ex-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) Jorge Mattoso. De acordo com o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), Mattoso tem ainda muito o que explicar sobre a violação da conta do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o "Nildo". Entre os "buracos negros" da quebra desta conta, Fortes afirma que falta Mattoso dizer de quem recebeu a ordem para vasculhar os dados bancários do caseiro.

No depoimento à Polícia Federal (PF), Mattoso admitiu que, enquanto jantava no restaurante La Torreta, em Brasília, recebeu uma ligação do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Na conversa, Mattoso disse a Palocci que comunicaria ao Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) e ao Banco Central (BC) sobre movimentações "atípicas" do caseiro. O depoimento de Mattoso indica que Palocci tratou da violação do sigilo do caseiro. O ex-ministro nega.

Depois do jantar, Mattoso, segundo depoimento dado à PF, foi à casa de Palocci, na Península dos Ministros, para entregar os extratos do caseiro. A suspeita é que a movimentação bancária de "Nildo", cerca de R$ 25 mil, seria proveniente de setores da oposição interessados em desestabilizar o governo. Na verdade, o dinheiro foi depositado pelo empresário Eurípedes de Souza, suposto pai dele.

De iniciativa do senador José Jorge (PFL-PE), a CPI aprovou requerimento pedindo à Polícia Federal cópia dos documentos relacionados ao inquérito que investiga a violação da conta de Nildo. O senador alega que o Senado tem de ficar a par de todos os procedimento desta investigação. A suspeita dos senadores é que o ex-ministro da Fazenda foi quem ordenou a quebra de sigilo do caseiro que desmentiu, em entrevista à Agência Estado, seu depoimento à CPI dos Bingos.

A convocação de Mattoso seria votada hoje, mas foi adiada. O adiamento da votação já tinha sido solicitado no início dos trabalhos pelo líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP). Segundo Efraim, Mercadante alegou que Mattoso passa por um momento delicado e que está emocionalmente abalado. O pedido foi aceito sem ressalva. Até porque, se colocado em votação, seria rejeitado, já que os governistas, por precaução, atraíram seus aliados para a comissão.

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