Senador tucano quer explicações de Paulo Bernardo na CPI dos Bingos

O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) apresentou hoje à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos requerimento de convocação do ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo. De acordo com o tucano, Bernardo precisa responder às acusações de participação num esquema de caixa dois, supostamente montado em Londrina (PR), durante a campanha eleitoral de 2002.

A convocação do ministro tornou-se "imprescindível", na opinião de Barros, depois do depoimento de Soraya Garcia, assessora financeira da campanha à reeleição do prefeito de Londrina, Nedson Micheletti (PT). Na quarta-feira (08), Soraya repetiu à CPI o que dissera à Polícia Federal (PF), acusando Bernardo de envolvimento no caixa dois da campanha, pelo qual teriam circulado 80% de R$ 6,5 milhões arrecadados pelo PT.

No dia seguinte ao depoimento de Soraya, o ministro rebateu a denúncia e prontificou-se a comparecer à CPI. Mas Barros defende a convocação para não repetir a situação criada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Como depôs na condição de convidado, as declarações de Palocci à CPI não servem, por exemplo, para justificar eventual indiciamento por falso testemunho.

Doze dias depois de falar à comissão, Palocci corrigiu declarações a respeito do uso de um avião pertencente ao empresário José Roberto Conaghi. Em 2003, o ministro viajou na aeronave de Conaghi – apontada pela revista "Veja" como tendo sido usada em 2002 para transportar de Brasília para Campinas uma suposta doação de US$ 3 milhões que o PT teria recebido de Cuba. À CPI, Palocci disse que viajara no avião porque o partido cuidara do aluguel. Como Conaghi afirmou jamais ter recebido dinheiro pelo uso da aeronave, o ministro se corrigiu, dizendo que, quando disse que o PT tinha alugado o avião, cometeu "uma imprecisão terminológica".

No requerimento, Barros afirma que "o instrumento da convocação é peça essencial ara garantir a veracidade do depoimento". O senador lembra que, no depoimento, Soraya afirmou que Bernardo "obtinha recursos do empresário Marcos Valério para os gastos eleitorais". Ele também cita no requerimento, o fato dela ter dito que o então chefe da Casa Civil e hoje deputado cassado, José Dirceu, teria levado para a campanha de Londrina R$ 300 mil, em um pacote, "parecendo uma maquete de prédio, tudo em notas de R$ 100, com etiquetas do Banco do Brasil.

Se aprovada a convocação, será ainda a chance de esclarecer a denúncia feita por Bernardo de que o deputado tucano Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) teria pedido R$ 500 mil para apoiar Micheletti. Hauly nega a acusação.

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