Senado recebe amanhã mensagem de FHC com o nome de Meirelles

A pedido do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Fernando Henrique Cardoso encaminha nesta sexta-feira ao Senado mensagem com o nome do novo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A data do envio da mensagem foi acertada entre os dois presidentes, hoje, em telefonema dado à tarde, por Lula a Fernando Henrique. A informação foi confirmada pelo porta-voz do Planalto, Alexandre Parola.

A indicação de um tucano para o Banco Central foi recebida com euforia e ironia no Palácio do Planalto. Desde cedo, quando já circulavam as notícias sobre o nome do deputado eleito pelo PSDB de Goiás para o cargo, ministros e auxiliares do presidente Fernando Henrique comemoravam o fato de Lula ter ido buscar nos quadros do partido um nome para acalmar o mercado. “Não se pode deixar de reconhecer que foi uma escolha abrangente”, comentou o presidente, durante almoço realizado no Palácio da Alvorada, em homenagem ao jurista Evandro Lins e Silva, empossado hoje integrante do Conselho da República.

A decisão de Lula foi um dos temas dominantes do almoço, no qual estavam presentes vários ministros e ex-ministros do governo Fernando Henrique. “Como o mundo dá voltas”, ironizou um dos ministros, durante o almoço, tendo seu comentário endossado pelo presidente que concordou com a tese de que “o mundo é redondo e gira”.

Outro ministro lembrou que a necessidade de Lula ter de tomar este tipo de decisão, nomeando justamente para o Banco Central um tucano, vai ensinar ao PT que nem sempre é possível se fazer tudo que se deseja, como se deseja, e que, muitas vezes, é preciso, primeiro, se dar passos bem menores do que as pernas, para se conseguir alcançar os objetivos. “O PT vai ter de explicar para seus eleitores que o que o governo Fernando Henrique fez, quando nomeava pessoas de outros partidos, não era fisiologismo, era necessidade de garantir a governabilidade”, acrescentou este ministro.

Alguns, mais radicais, consideraram a escolha como “um atestado de incompetência do PT, que teve de buscar no ninho tucano um nome para garantir a estabilidade da moeda”. Nas conversas de hoje, todos lembravam que Meirelles acabou entrando para a política por interferência do presidente Fernando Henrique e acreditavam que a certamente a indicação dele foi objeto de consulta ao PSDB.

Oficialmente, no entanto, as declarações foram bem mais amenas, conciliadoras e elogiosas. O ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Euclides Scalco, por exemplo, lembrou que Meirelles é um homem experiente e é do ramo, porque foi executivo do BankBoston por vários anos. Scalco acrescentou ainda que “o presidente tem direito de escolher quem ele quiser, inclusive no partido adversário”.

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