Seminário discute redução de danos ambientais em portos

Os representantes de empresas nacionais e internacionais especializadas em planos de contingência e em ações de emergência em casos de acidentes ambientais nas áreas portuárias e em terminais de combustíveis disseram, nesta quarta-feira, no segundo dia de debate do Seminário Gestão Ambiental Portuária,  que é possível reduzir os dados ambientais em áreas portuárias. Para isso, deve haver intensa preparação prévia de todos os envolvidos e bases operacionais das empresas.

O painel sobre Planos de Emergência e Contingência para Desastres Ecológicos foi considerado estratégico pelos presentes, como Paulo Roberto Lunardon, da Growber Consultoria e Auditoria Ambiental, do Paraná.

Para Lunardon, que trabalha há 10 anos no ramo, além de bem organizado e com um ótimo temário, ?a grande marca do seminário tem sido justamente a troca de experiências reais entre os usuários finais dos portos e as autoridades portuárias nacionais e internacionais?.

Acompanhando toda a programação, Paulo Lunardon destacou a palestra feita terça-feira por Jerzy Gohlke, do Instituto Ambiental da Alemanha, que apresentou as novas normas de controle ambiental nos portos alemães.

Essas informações, acredita Lunardon, vão servir de balizamento para futuras providências das autoridades portuárias brasileiras, com vantagem para Paranaguá, que está saindo na frente nas providências em relação aos desafios da gestão ambiental em alguns dos portos mais movimentados do mundo.

Vicuña

Presidente da mesa de debates na parte da manhã, o coordenador de Gestão Ambiental da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, Eduardo Ratton, lembrou que o acidente no dia 15 de novembro de 2004 como o navio Vicuña, de bandeira chilena, pegou o porto desprevenido: ?Não havia estrutura organizada para combater o acidente?, decorrente da explosão e queima de 4 mil toneladas de metanol.

Em conseqüência, 170 km de costas na baía de Paranaguá foram contaminados com 400 toneladas de óleo. Quatro mil pescadores ficaram impedidos de trabalhar, o turismo foi afetado, e as operações portuárias prejudicadas. Até a sucata do navio necessitou de operação incomum para retirada das 1.300 toneladas de aço, posteriormente recicladas pela Gerdau.

Segundo Ratton, os resultados de pesquisas mostram que 28% dos acidentes são decorrentes das operações de carga e descarga e 34% acontecem em terra. Entretanto, no geral, tanto prevenção quanto combate são precários. Daí, a necessidade de a autoridade portuária ter um Plano de Emergência e Ação Mútua, elaborado em conjunto com os operadores portuários a partir de um plano global de atendimento.

Mário Cesar Timmerman, gerente de Segurança e Meio Ambiente da Transpetro, empresa que administra os dutos de combustíveis e os terminais de petróleo da Petrobras em todo o Brasil, também explicou que a estatal só despertou para a necessidade de um plano mais rigoroso para emergências após os dois acidentes em oleodutos, em 2000: o primeiro na Baía de Guanabara (RJ) e o segundo em Araucária (PR).

Desde então, investiu R$ 8 bilhões na construção e manutenção de nove Centros de Defesa Ambiental (CDA), espalhados pelo Brasil, além de seis bases de emergência. As bases de emergência já estão instaladas na Amazônia e em Uberaba (MG). No momento, a empresa está concluindo novas bases em Natal (RN) e Mocanguê (RJ). Uma das bases está em Paranaguá, onde o centro de recuperação e emergência dispõe de equipamentos e equipes treinadas para atuar 24 horas.

Chen Li Cheng, da Ecosorb, lembrou que a empresa também teve de aperfeiçoar suas operações no Brasil a partir das dimensões do acidente na Baía de Guanabara, em 2000, quando teve participação decisiva para retirar o óleo derramado e minimizar os danos ambientais. Atualmente, a empresa tem um posto avançado na área dos portos de Paranaguá e Antonina, capaz de reagir às chamadas de emergência em 17 minutos.

Tanto Cheng quanto Hélvio Aventurato, gerente de Segurança e Meio Ambiente da Alpina-Briggs, destacaram que os planos de emergência precisam de treinamento constante de todos os envolvidos. O que, no caso dos portos, inclui as autoridades portuárias, usuários, operadores de terminais, transportadores e donos das cargas, entre outros. Esses treinamentos são exaustivos, com exercícios trimestrais e ensaios gerais semestrais, ao longo dos quais são anotadas as falhas e pontos que podem ser aperfeiçoados.

Programas especiais de computador gerenciam todas as etapas e assinalam as providências dos planos de emergência. Mesmo assim, alertou, nos casos de isolamento das áreas afetadas, por exemplo, é preciso atentar para algumas peculiaridades do Brasil, como a existência de pessoas sem capacidade de leitura ou de entendimento dos avisos.

PIB

Os portos de Paranaguá e Antonina respondem por 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná e são vitais não apenas à economia paranaense, mas também à dos estados produtores vizinhos e do Centro-Oeste, e dos países do Mercosul, que necessitam ter sempre um corredor de exportação dinâmico e eficiente.

Para garantir a expansão, a APPA está investindo R$ 130 milhões em obras de dragagem para o aumento do calado, expansão do cais e berços, manejo de resíduos e instalações dos terminais. O objetivo é atrair navios de grande porte e ampliar o leque das exportações com produtos de maior valor agregado.

Voltar ao topo